sexta-feira, 12 de novembro de 2010

É Tarde?



Por Leandro Rocha

Qual sentimento você tem que não te deixa fazer o que deseja ja que acredita estar muito tarde para acontecer?

Provavelmente ainda não chegou a metade da metade da sua vida. É novo mas não vê possibilidade de que as coisas aconteçam e dêem certo porque acha que perdeu tempo. Não será um bom profissional porque não levou a serio o inicio da faculdade? Não há lugar para novos projetos só porque não os iniciou quando criança?

Criança nenhuma tem a obrigação de pensar e planejar, ou ainda, começar a por em pratica todos os projetos para sua vida, criança, brinca e chora.

Tu que te julgas tão conhecedor do fluxo temporal com tuas próprias teorias sobre o espaço entre um segundo e outro, não podes ser vitima da própria perspectiva dos ponteiros do relógio.

Hoje são 20 anos, tem vontade de atuar? Atue, corra atrás, quando tiver 50 e sentir vontade de velejar, veleje. “Se bobear eu fico velho e não aprendo a velejar”

O temo é generoso com quem o usa, enquanto fizer o que quer, os minutos passarão prazerosamente devagar. Não é tarde... nem pra quem já morreu.

domingo, 7 de novembro de 2010

Mundo Cênico

Por Leandro Rocha

“A vida é uma opera” já dizia Dom Casmurro, me pergunto qual das vidas é realmente uma opera, a real ou aquela planejada e construída com base nas suas impressões dentro da sua cabeça.

Interessante como o sorriso simpático da menina lhe faz crer que haja a partir daí uma abertura para o caminho do coração dela, mas no fim foi só um sorriso simpático, ela tem namorado... E é fiel.

O teatro da mente, o mundo cênico da sua opera, normalmente esta longe da realidade, é de um extremo muito bom ou péssimo.

Meu mundo cênico é romântico, comprado da idéia vendida por novelas e filmes, um mundo onde a carne é o segundo plano, onde os olhos se tocam e tocam a alma, onde as mulheres são cortejadas e recebem flores, mesmo as prostitutas (aqui chamadas cortesãs) possuem seu ar de mistério e romantismo. Consegue ver verdade nisso? Eu também não. Talvez exista, mas antes deve-se passar pelo critério da carne e do “papo”.

Como acontece comigo, a idéia do mundo cênico pode ser tão forte que simplesmente não se consegue adaptar ao mundo real, as pessoas assim vão ficando pra trás.

Qual será o ato final? Transportar o cênico para o real ou a morte simplesmente? Eu já fiz minha aposta.

domingo, 20 de junho de 2010

A melhor pessoa do mundo

Por Leandro Rocha




Meu nome não importa o que importa é o que eu sou. Já me falaram coisas muito agradáveis, que sou bom, que sou perfeito, um exaltado já me chamou de a melhor pessoa do mundo, mas não acho, sou tão comum quanto você que lê.


Sou inteligente, me dou bem com números e letras, cresci ouvindo que sou superdotado e autodidata, de fato já aprendi muita coisa sem auxilio, só de ler rapidamente num livro ou ouvir uma única vez, devo isso a minha memória, que é fotográfica.


Minha saúde é boa, dificilmente fico doente e quando fico não passa desses resfriados bobos que saram de um dia para o outro. Tenho alimentação balanceada e faço exercícios todos os dias, gosto de sentir o ar puro e por isso corro todos os dias na beira da praia.


Fui bem educado e trago comigo os ensinamentos de meus pais, abro a porta e puxo a cadeira para minha esposa, pago a conta, dou a ela flores e chocolates e a presenteio em dias que não são de comemoração. Gostamos de tirar férias juntos no trabalho para que possamos viajar pelo mundo, é sempre renovar a lua de mel.


Sou bem sucedido profissionalmente e no amor, sou alto executivo em uma grande empresa e tenho uma situação financeira estável e que me permite certos exageros.


Gosto de musica e não de estilo, danço de tudo um pouco, do mais clássico ao mais popular, sou bom dançarino desde que me conheço por gente e aprendo novos passos com facilidade, basta ver.


Estou sempre informado, ligado na televisão, internet, radio e jornal, gosto de estar por dentro da política, economia, entretenimento e cotidiano, instruo meus filhos e os ensinos na medida do possível.


Sou temente a Deus, faço caridade mantendo duas instituições beneficentes, casei-me na igreja e mantenho os votos fielmente, sequer passa pela cabeça trair minha mulher, apenas a morte irá nos separar.


Ao contrario do que muitos dizem, não sou perfeito, confesso que peco na falta de humildade, mas isso é admitir minhas qualidades. Sei que tenho outros defeitos, mas consigo escondê-los entre as qualidades. Sou uma pessoa bem relacionada, tenho muitos amigos e podemos eu e você, sermos amigos também.


Ah, há apenas um pequeno problema que estava esquecendo de mencionar: eu não existo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Falar Moderno



Por Leandro Rocha




È com indescritível prazer que venho mais uma vez pôr-me a escrever para vocês, anseio que o deleite que vós sentireis seja tão ou mais que o que sinto neste momento, gostaria de frisar que o texto será escrito com toda sinceridade e a maior franqueza que meu coração permitir. De tal forma espero agradar meus muito estimados e magnânimos leitores.

Não, isso não se usa mais.

O português é uma língua viva e, portanto sofre mutações constantes e assim como as pessoas, as palavras velhas acabam retiras a pequenos redutos, não podemos mais usa-las em qualquer situação, na conversa com os amigos, eu, hoje, não posso mais estima-lo, eu devo gostar de você.

Aos mais tradicionais, os chamados velhos, é estar fora do mundo, é se perguntar se as outras pessoas conseguem perceber a profundidade de certas palavras, a importância dada a elas quando são usadas em certos momentos, será que notam a diferença de chamar uma mulher de linda ou de gata?

Entro em uma área complicada, os elogios, por serem dados a outras pessoas corre-se o risco de terem como resposta uma ofensa, ainda que branda: “está magnífica” “magnífica? Parece artificial meu bem”. Artificial não seria este que chama magnífica, chamar de boa?

Mas não tem jeito, os arcaicos sempre vão existir e os modernos serão cada vez mais numerosos e logo eles serão arcaicos também, lembra-se dos brotos? Eram as gatas da época e agora ficaram velhos e cafonas, quem sabe amanha, boa já não seja ridículo?

Deixei muitas perguntas que não precisa responder, mas farei uma agora que me dará resposta, mesmo que apenas no pensamento: o que você prefere? Linda ou filé?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Vazio

Por Leandro Rocha

Só há a escuridão e nada se vê alem das sombras dos objetos, os passos são dados com extrema cautela, há o medo de esbarrar em algo, quebrar e se machucar, os olhos quase incapacitados contam com o auxilio das mãos, que tateiam o ar em busca de algum toque concreto em algo que exista.

Do lado de dentro só se ouve o som abafado que vem do lado de fora, um ruído identificável também há o som ensurdecedor do silencio, o ruído agudo e incessante que parece surgir de lugar nenhum e ir direto para o ponto mais profundo da cabeça, não há pausa.

Quando os olhos se acostumam com a escuridão, as sombras parecem se mover e pequenas explosões de luz parecem serem vistas nas paredes. Por instinto você as tenta fitar, mas seus olhos são muito lentos se comparados à velocidade da luz que elas possuem, na duvida, foi apenas impressão.

Nesse momento existe o encontro consigo, quando começamos a conhecer a pessoa mais difícil do mundo de encontrar, somos jogados na frente de um espelho muito honesto que nos mostra todas as nossas falhas e forças, nosso julgamento é muito mais cruel contra nós mesmos do que contra os outros.

O medo de dar passos no escuro supera e acaba por não mais andar, parado no meio do nada você se sente ainda mais vulnerável, mas ao menos pode evitar bater os joelhos em algo e se machucar. Parado parece melhor.

Não há vento e o som já foi embora, nosso julgamento já foi feito e não conseguimos mais andar, os olhos ainda só enxergam sombras e vultos. A frente não a luz, é um túnel sem luz. Sua cabeça começa a esfriar e o raciocínio começa a ser tão grande que preenche o vazio a frente. Você dá meia volta, abre a porta e sai, de volta pra luz.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sua vez chegará

Quem nunca ouviu alguém dizer: não cuspa para o alto, ele poderá cair na sua testa? Pois é, quantos cuspes já voltaram na sua testa ou quantos ainda irão cair? Eu garanto que vários, por mais que você diga que não... É normal, em todo ser humano, ter dias como estes que vou te mostrar...

Dias que você irá colar chicletes em baixo da cadeira da escola, em que jogará bolinha de papel na cabeça do colega, ou até mesmo da professora. Por mais que diga que não, você irá colar da prova do vizinho, irá roubar biscoitos da merenda de alguém...

O tempo vai passar um pouco, você não roubará mais biscoitos, agora você irá pegar as moedas do carro de seu pai, ficará com o troco das idas aos bares, todo domingo, para seus tios e falará que é por conta do frete.

Mais a frente irá brincar de salada mista, dizendo que é pique esconde. Irá inventar trabalhos escolares para se encontrar com alguém. Irá matar aula para ir ao shopping, irá matar aula para dormir...

Mas lá pra frente, você irá inventar uma dor de barriga para não ir trabalhar, andará de carro sem cinto, isso sem dúvidas, tomará um porre, e vai dizer no dia seguinte que nunca mais irá beber, pensará em ir numa casa de swing, alguns até irão, falará para todos, “que nada, somo apenas amigos”, quando na verdade já estão comemorando 6 meses de relacionamento. Os virgens falarão que já “comeram” 3 e as rodadas falarão que só “deram” pra 1.

Um dia você irá olhar diferente para mulher de algum conhecido, irá escutar as palavras sábias de seus avôs e em outros falaram que eles estão ficando doidos. Certamente dormirá no motel dizendo que está na casa da amiga estudando, e em outro dirá que amiga dormiu em sua casa.

Se você chegar aos 30 sem ter feito pelo menos um terço do que eu escrevi, não pense que estava dormindo, vai ver você só resolverá colar chicletes embaixo da mesa aos 50... Não importa a idade, viva a sua vida, quanto tudo isso, não precise cuspir para o alto, pois certamente você irá fazer, cedo ou tarde, seu dia irá chegar.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Desabafo

Por Leandro






Um dia a bomba explode.
Deixe-me falar da vida.



A vida nos traz problemas, decisões para tomar, nos traz situações complicadas, inimigos, desafetos, verdades e mentiras. A vida nos traz angustias, aflições, dilemas. E o que você faz? Guarda tudo isso.



Costumamos guardar nossos problemas para todos, já conversamos sobre isso, sobre as mascaras usadas para que os outros não vejam nossa face problemática. Normalmente temos uma forma de escape para essa pressão que sofremos, alguns fazem esportes, outros escrevem (blogs?), há os que se confessam. Porem o esporte não te responde, nem as letras e o padre não lhe dará conselhos que não estejam dentro das normas eclesiásticas, o caminho da virtude, normalmente ele te mandará rezar.



Muitas vezes é necessário que alguém igual a você, sujeito aos mesmos problemas ouça seu desabafo, alguém capaz de te indicar um caminho a seguir, muitas vezes um caminho já percorrido que, sua cabeça sob pressão, não percebeu. Quantos problemas seus não tiveram soluções parecidas?



Pare um pouco, mesmo as grandes maquinas modernas, precisam parar para aliviar a pressão. Um computador não irá trabalhar sem pausa sem que queime, a menos que esteja em um ambiente preparado, mas a vida não é um ambiente preparado, é rolar dados, a incerteza esta a cada esquina que você cruza, ou não.



Chore e grite. São instintos do ser humano, não há maior válvula de escape do que essas, é uma maneira de extravasar a energia acumulada em tantos dias de pensamentos que duvidavam da sua capacidade de resolução, tudo tem resolução, exceto a morte, mas enquanto você não morre, receba um problema de peito aberto sabendo que há um meio de resolve-lo.



Mas tudo ao seu tempo, pensamentos são coisas que ninguém pode meter a mão na sua mente e tira-los, a angustia transparece nos olhos, mas sempre valerão suas palavras de que não há nada, quando você resolver explodir, quando resolver desabafar. Conte comigo.

domingo, 23 de maio de 2010

Perdido

Por Leandro Rocha

Tudo esta calmo na vida dele, as coisas seguindo no ritmo certo, na forma certa, para o lado certo. Ele se encontra num estado confortável de repouso onde apenas fiscaliza sua existência para que nada saia errado em momento algum. Aí ela aparece, de forma inocente, aparece como qualquer pessoa pode aparecer, mas ela não se torna qualquer pessoa, ela ganha um destaque especial e, todo aquele conforto, é jogado no abismo.


Ele esta perdido. Perdido em pensamentos, em ações, em vontades e desejos, esta perdido em tudo, não sabe qual caminho tomar, mas parece que todos os caminhos levam a ela. Ele não quer pensar, pois só pensa nela e se sente bobo, por que pensar nela se ela certamente não esta lembrando que ele existe? Pergunta-se sem resposta.


O que ela fala se torna poesia e musica, o sorriso se torna pintura de artista talentoso, o perfume, a melhor fragrância. Tenta manter-se sob controle sem sucesso, se ouve musica pensa se ela gostaria de ouvir também, se vê filme se coloca no lugar do mocinho que beija a protagonista (devidamente substituída) no final.


Quando perto dela, tenta se manter forte e quase indiferente, sorri quando tem que sorrir e fala quando tem que falar, mas sua vontade é de falar toda sua vontade a ela, não faz por medo, medo da rejeição ou do riso debochado, teme as conseqüências futuras, teme o mal estar, teme muito porque pensa demais, talvez ele devesse pensar menos.


Seu pior momento é a noite quando encontra-se consigo deitado no travesseiro, sob o manto escuro da noite, a cama torna-se divã e lá ele despeja tudo que sente, como se de alguma forma suas palavras pensadas fossem levadas a ela que já dorme profundamente sonhando com alguma coisa, que não é ele.


Ele mente: “não crio expectativa”. Cria, impossível não criar quando se quer tanto, por ele se jogaria de cabeça nesse penhasco. Sua cabeça trabalha contra, prefere não pensar nos momentos de queda livre onde pode planar livremente, não, pensa que quem se joga de cabeça num penhasco, não tem outro destino senão uma testada no chão.


Ele saiu do ponto morto, o repouso acabou, a hibernação acabou, chegou a hora de acordar pois o longo inverno se foi e a primavera o chama, com flores e sol forte, não há mais fiscal nem caminho certo, há apenas caminhos, erros e acertos, há o amor que sente cheiro, que abraça, que beija o rosto mas quer beijar a boca, segundas e terceiras intenções de cara limpa e não em um avatar, seu coração queima, uma sensação nova que mistura medo e paixão. Ele vive.

sábado, 22 de maio de 2010

Sangria


Por Leandro Rocha


Escorre lentamente pela ferida aberta até a parte mais baixa, então caem, uma, duas, infinitas gotas caem sem pressa. No chão, uma poça vermelha começa a se formar, ela também escorre ate o ponto mais baixo e caminha rente ao canto da parede.


Coração suicida que abre as feridas por conta própria e justifica-se com fatos que só ele enxerga, não se pode convencê-lo, esta decidido a sangrar sobre a dificuldade que encontra.


Coração que bate forte para que o sangue saia com mais força, sangue que espirra, que força a saída e abre mais a ferida. O sangue parece que nunca acaba, não imaginou que poderia sangrar tanto, apesar da agressão, o coração não sente dor, sente-se bem.


Está quase acabado, o sangue sai tímido por entre as largas portas abertas, sai sem querer, sai expulso, vai assim até a ultima gota expulsa com o maior esforço pelo coração moribundo.


Não há mais sangue, mas ainda não acabou, a carne esta úmida e deve secar, o coração espera ate o momento em que as feridas abertas se tornem fissuras unidas pelas rachaduras que o cobrem todo.

Ele quebra em um som oco, fumaça sai de dentro dele e suas partes espalham-se pelo chão, estava vazio por dentro e a casca se tornou pó, pó molhado na poça de sangue quase seca, viscosa no chão.


Agora ele se sente bem, agora ele esta pronto para amar

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Até ela tem

Por Rodrigo Santos

Bem, vejamos uma coisa... Certo dia, alguém, bem conhecido por sinal, resolveu dizer que existia alguém perfeito, ou quase, eu diria que a idéia nem era mostrar a perfeição e sim mostrar que existia alguém, mesmo que no pensamento dele, diferente.

No primeiro momento eu até acreditei que realmente ela poderia ser perfeita. Mas foi no dia que alguém, que eu nem sei quem era, falou ao meu ouvido o que ele queria dizer, ou o que eu entendia o que ele queria, destruindo todo meu pensamento anterior...

Acho que ela nem me conhecia, acho não tenho certeza, eu era muito pequeno no meio de toda aquela multidão que a cercava, mas aquela voz soava aos meus ouvidos de forma que me fazia esquecer de tudo e todos que estavam naquele ambiente.

Eu estava ali pensando em o que fazer de minha vida, qual lado seguir, achando que aquele, que todos acham perfeito, havia me esquecido, que só eu tinha problema. Foi quando a voz me apresentou a bailarina, a mesma que um dia ele me apresentou, a perfeição em pessoa, mas aquela voz me fez acreditar que a perfeição não existia.

Vejamos... Como a bailarina não tem marca de vacina se ela foi uma criança um dia, e todas elas são vacinadas, talvez a H1N1 não deixe marca, mas a BCG até minha avó tem a marca. Pereba? Onde que ela mora? Será que nunca foi picada por um mosquito e teve uma perebinha qualquer.... Lombriga e ameba, tudo bem, eu deixo passar, eu também não tive, mas piriri todo mundo já teve. Nem que seja no dia que ela quis faltar a aula de balet.

Opa, se teve mordida de mosquito e pereba, é claro que também teve coceira. Piolho e o irmão meio zarolho eu também deixo passar, mas cheiro de creolina, muita gente também não tem. Acho que já usei bastante argumento pra provar que ela era tão normal, quanto eu, quanto você e até mesmo aqueles nem tão normais assim. Mas se preferir mais alguns...

Medo? Todo mundo tem medo de algo... Medo de morrer, medo de viver, medo de saber como será sua vida daqui a 5 anos... Pecado depois da missa é o que mais acontece, eu mesmo faço muito, a quem faça durante a missa também.

É meu caro Chico, procurando bem, reparando bem, todo mundo tem, inclusive a bailarina. Hoje eu entendo isso, mas demorou um pouco. Se você não entendia, agora entende também... Todo mundo tem, todo mundo tem também.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Semana de Provas




Por Leandro Rocha





O que inspira mais horror aos corações estudantes do que essas palavras dispostas nessa ordem? Semana de provas. Os que estudam ficam nervosos e os que não estudam também, os conformados aguardam seu destino e os inconformados protestam. É uma semana atípica que, nem sempre, tem sete dias.

Para os estudantes, o ano é dividido em apenas quatro semanas, as semanas de provas. Tudo que se passa entre elas é uma grande preparação ou, no espaço entre a ultima e primeira semana de prova, férias.

Mas por que o nervosismo? As provas não são nenhuma novidade, sabe-se delas desde sempre e sabe-se que elas virão, mais cedo ou mais tarde, adiadas ou não, o primeiro dia vai chegar e todos os alunos serão postos a prova. Talvez daí o nervosismo, a semana de prova trás consigo o medo de algo dar errado, não se pode ficar doente, brigar com a família, se machucar, ter dor de cabeça, não pode chover, não pode ter engarrafamento no transito, não pode faltar energia, não pode haver cansaço. São tantas exigências para uma semana de prova perfeita que faz dela, sem duvida, a semana mais estressante do ano

Referi-me apenas ao medo das coisas que podem dar errado no decorrer de uma prova e outra, mas há também aquele medo das coisas que podem acontecer durante... E se esquecer alguma coisa? E se o professor não entender a letra? E se cair o que eu não estudei? E se outro professor a aplicar? E se me fugirem as palavras? Mais tantos medos... Porém não são os piores.

O pior medo é subjetivo, sua intensidade varia de pessoa pra pessoa, varia da relação professor-aluno, independe do estudo e de uma forma geral, independe ate mesmo da prova em si. É o medo de ser avaliado, de estar sob uma provação. Naquele momento estão prestando atenção em você, para onde você olha e estão procurando, principalmente, seus erros, a idéia de não poder errar atormenta, tira a concentração e, por mim, te faz errar.

No fim, passam-se os dias e as provas acabam, sai o medo e entra a ansiedade pelas notas, mas este é outro assunto, muito mais fácil, você ao menos pode voltar a dormir e a comer enquanto as notas não saem.

sábado, 15 de maio de 2010

Ressaca Moral


Por Rodrigo Santos


Perde-se o sono! Levanta-se e começa a vagar pela casa, a vontade é vagar pela rua, é sentar na beira do mar... Isso se torna uma constante em sua vida... Você começa a ler, bobagens as vezes, e não para de pensar o porque de tudo... O medo de estar com ela é grande, mas ao mesmo tempo a certeza de não estar é tão grande quanto.

Tudo seria tão mais fácil se a cura desse mal fosse a base de comprimidos. Ela é mais cruel que a outra, mas ambas só acontecem por suas próprias atitudes, às vezes por influencia de outros, por minha talvez, mas no final, a última palavra ou último gole é sempre dado por você, por sua conta própria.

Diferente da comum, sono é algo que passa longe de você. O sofrimento não deixa ele te abraçar, mas você não deixa de sentir seu sopro leve... Você se sente embriagado de ações totalmente opostas das quais sua conduta o permite. É importante que você perceba que todas as ações negativas feitas por você afetam apenas a sua cultura interior, mesmo que ela seja fruto de uma outra ensinada. Nessa hora o outro não existe, você se vê dentro de uma briga moral dentro de si, um choque de condutas diferentes em uma mesma cabeça, a sua!

Seu corpo continua o mesmo, a dor causada por ela é no espírito, seu espírito sente uma cede incansável, cede essa que não é sanada a base de água... É uma cede de respeito próprio, de moral, de ética que o faltou em algum momento. Volto a falar, os conceitos que o faltou, não são os passados pela sociedade e sim os que você criou para sua vida.

Com isso, só lhe resta esperar, esperar e esperar... A ressaca moral não passa no dia seguinte, se a sua passar, certamente não será moral, pode ser pra mim ou para qualquer outro, mas para você não será, pois ela demora muito tempo para curar aquela ferida deixada em seu espírito, o vazio em sua mente...

Inevitavelmente, uma doença na alma, com o tempo é passada para seu corpo... Aí vem o vazio no coração, a vontade de sumir do mundo, o que não adiantaria, uma vez que os dedos que o recriminam, estão presos em sua própria mão... A ressaca moral, trás a culpa, o medo, à vontade de acabar com a própria vida... Mas não acabe com a sua, a ressaca só ira piorar depois da morte, deixe que a depressão acabe com ela por você.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Você

Por Leandro Rocha




Antes de tudo peço que me perdoe pela forma um tanto agressiva que te escrevi falando sobre o quanto eu te cerco, não sei, mas eu ficaria assustado se recebesse tal mensagem, tentarei ser mais sutil agora.

Vou puxar da memória tudo que vem de você e posso acabar sendo repetitivo pois vou tentar reparar a agressão que lhe fiz. Esqueça tudo que disse, já não te cerco mais, não mais te olho escondido sob a sombra e nem pergunto de você aos que sabem. O que sei sobre você, sei e o que não sei não saberei ate que me contes.

Sinto-me ao mesmo tempo muito bem e muito bobo por te escrever algo cheio de referencias, sem falar teu nome e sem falar o meu, falo do nosso hoje e nosso ontem e falo ainda do meu projeto de amanha, mas que tipo de resposta eu terei se não sei o quanto disso tudo você compreende? Pode parecer um texto genérico, mas não é.

Gosto de lembrar de você, parece tão frágil, mas esconde uma força que me encanta, acho que foi a primeira coisa que me chamou atenção, sua força. Combina bem esse paradoxo, pequena no tamanho e gigante na força.

Por que não terminou de me ensinar a dançar? Tudo bem, guardo a tentativa com carinho, coloco num lugar especial no meu álbum de fotos, pouco antes deitei a cabeça no seu colo para conversar, você não deve lembrar. Ali desejei dormir, dormir por 12 horas deitado em seu colo, não consegui, mas pisquei de forma tão longa que parecia viver em muitas eternidades.

Acho que infinitas vezes desejei que alguns momentos fossem infinitos, quando pude te ver dormindo, quis isso, não aconteceu mas te olhei bem, olhei a paz com que dormia mesmo com aquele vento frio vindo do mar, olhei o quanto pude ate minhas pernas pedirem que eu dormisse também, quando deitei e fechei os olhos, só via você, dormindo.

Pouca coisa pode ser melhor do que te ver pulando feliz. Juntava-se aos outros com facilidade, se integrava ao cenário com perfeição, te olhava de fora admirado, falava comigo que queria você pra mim. Será que consigo?

Mais tantas referencias vazias, mais alguma coisa para você achar genérico, mas uma vez não digo os nomes, conto os fatos sob o meu olhar, um olhar parcial que vê apenas o lado bonito, confesso que procuro seu lado feio, mas você parece não ter um. As referencias não acabaram, há tantas outras mas, ficará pra uma próxima oportunidade, quem sabe ate lá eu já não tenha te conseguido? Ou desistido de você.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Seria a morte solução?

Por Rodrigo Santos

Você perde uma máscara, talvez a mais pesada de todas, as outras, nessa hora, já não fazem diferença alguma, pra você até faria, mas para aquele que um dia jurou estar ao seu lado no dia em que essa máscara se fosse, não faz diferença alguma. A máscara dele também caiu, e eu te disse isso ia acontecer.

Histórias vividas, momentos passados, risos de tristezas, choros de felicidades, abraços dados, pactos selados... Uma vida inteira se vai junto com a máscara que você vestia e não veste mais.

Você se torna cruel, o amor que os outros sentiam, vira decepção, a decepção que você tinha, vira amor... Como um quebra-cabeça de nível 7, você vivia encaixando cada peça de sua vida, com medo da imagem final formada, mesmo que aparentemente toda imagem, no tabuleiro formada, parece-se perfeita, sempre haveria alguma peça trepada na outra, sempre haveria uma máscara em sua face... Você se torna odiado, se torna sozinho por se tornar você! E mais uma vez não foi por falta de aviso.

Seus dias viram um eterno sábado de aleluia, seus ouvidos são malhados, como os bonecos de Judas, por muitas vezes, você é considerado o próprio, o traidor, o “coisa” ruim. Mas esquecem que, diferentemente dos bonecos, dentro daquele corpo, bate um coração.

Você chora, você sangra, por muitas vezes as lágrimas se confundem com o sangue, por outras o sangue se torna a própria lágrima. Você dorme, dorme e dorme. Acorda e se pergunta: Seria a morte a solução?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Por trás da máscara

Por Rodrigo Santos

Sim, existem muitas... Eu mesmo possuo várias, vai dizer que você não tem? A todo momento, mesmo que inconscientemente, nos escondemos por trás de uma máscara sadia, ou não... Nos escondemos no primeiro dia de aula, no primeiro encontro, até mesmo quando perdemos alguém muito importante, a máscara sempre será usada.

Mas vamos para a máscara em questão. Vamos nos pôr por trás delas, escondendo nossa real situação, seja uma dor, uma angústia, uma vida de pecados, uma vida sem rumo... Por medo de mostrar essa face verdadeira, corremos o risco de se tornar uma pessoa falsa, aos olhos daqueles que se dizem amigos, e por poucas vezes são, nos cobrimos com uma máscara, que já podemos chamar de véu.


Esse véu protege todo nosso corpo, essa máscara nos permite rir, brincar, dizer "sim, estou bem". Quem está por fora dela, diz que não a confunde com falsidade. Mas o medo daquele que a veste, não se permite se mostrar. Uma máscara não cai sozinha, eu posso desmascarar alguém, posso me desmascaras, mas dizer que ela caiu sozinha é o mesmo que dizer que a deixou cair, mas prefere ficar de cabeça arriada, continuando sem querer se mostrar. Máscaras caídas são amigos perdidos, é a morte dos seus pais, mas é a certeza que alguém te respeita e te ama.

Você pode está se perguntando... Será que vale a pena perder tudo isso e viver sua própria face? Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida, ninguém melhor do que você mesmo para saber o peso de sua máscara, o quanto a liberdade te fará bem ou não. Mas ao mesmo tempo eu te pergunto, será que vale a pena viver uma vida que não seja a sua própria? Até que ponto é sadio para seu espírito sorrir para todos, quando na verdade sua vontade é subir o morro mais alto e gritar, gritar para que todos possam ouvir quem realmente você é, qual é a sua verdadeira história. Amigos vêm e vão, familiares morrem, você também morrerá um dia. Agora se você acha justo com si próprio chegar no fim de sua vida, olhar para trás e ver que você viveu toda sua vida por de trás de uma máscara, siga em frente... Se você prefere arriscar, tirar todas as máscaras, ver quem realmente seguirá ao seu lado, essa é a hora...

Essa é a hora de dizer "eu te amo", de dizer "preciso de ajuda", "siga a sua vida e me esqueça"... Lembre-se, pense bem antes de agir, palavras ditas não voltam, máscaras caídas não são como unhas sujas, que cortamos e logo crescerá uma nova limpinha... Qual é a sua máscara? Quando você irá tira-la? Será que eu vou precisar tirar a minha para ver a sua?

A sua máscara nunca cairá sozinha, apenas quando você quiser, eu certamente estarei ao seu lado, como um de seus poucos amigos que estarão, e te direi... “Ei, levante a cabeça, sua face é muito mais bela do que a máscara que você carregava”. Nesse dia, eu e você festejaremos por uma vitória única, por um respeito mútuo e com a certeza que no final, seremos pessoas diferentes e vestindo, cada um, a sua própria face.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Máscara

Por Leandro Rocha




Quantas delas existem? Tantas, algumas são bonitas e servem como adorno de grandes bailes, quem nunca ouviu falar nas máscaras venezianas? Tão delicadas, de expressões simples, dão ar de mistério aos que vestem. Há também as horrendas que servem para assustar as criancinhas no carnaval. Todas essas tem em comum uma coisa: são vistas pelos outros, mas a máscara que quero falar hoje é aquela que vestimos e ninguém percebe.

Quando alguém lhe pergunta como você esta, sua resposta pode variar dependendo de quem perguntou, mas seu instinto é dizer que esta tudo bem, ainda que não esteja, ainda que um verdadeiro pandemônio esteja armado, você vestiu a primeira máscara, ninguém precisa saber o que você passa, ninguém tem que levar pra casa o seu problema.

Ninguém? Vou me desdizer agora. Alguns têm o dever moral de lhe ajudar a carregar o fardo, a via crucis não é só sua. Me refiro aos seus amigos, gente que esta mais próxima de você, gente que sabe dos seus planos e gente que deve saber dos seus problemas.

Tire a máscara e se mostre de cara limpa quando estiver com eles, seja você, chore se sentir vontade, haverá mãos para limpar-lhe as lagrimas e ombros para que você repouse a cabeça, ou mesmo um colo. Os braços estarão abertos, sempre.

Essa máscara não se confunde com falsidade, você não responde que esta tudo bem, quando não esta, para mentir, você quer poupar aquela pessoa que te perguntou (por educação, pois não esta realmente preocupada) da sua carga, soa como um teatro com falas e passos marcados.

Um dia a máscara cairá sozinha, alguém lhe perguntará o que você tem (este sim, realmente preocupado) e você dirá, na mais pura verdade, que não tem nada, que tudo esta bem. Nesse dia, seus amigos que terão te ajudado, irão festejar com você pois a vitória é tanto deles quanto sua, mas no final, todos vocês agiram como uma pessoa só, vestindo a mesma máscara e só os deuses sabem o que sentiram.

domingo, 2 de maio de 2010

Conselhos

Pádua tinha por volta dos quarenta, não era casado e morava sozinho num sobrado em Copacabana, era servidor publico numa repartição no INSS no centro, era homem de muitas palavras e muitos amigos, escondia seu primeiro nome, Inocêncio, apresentava-se apenas como Pádua, era Pádua para tantos que Pádua ficou.

Seguia para o trabalho, numa manhã de segunda feira chuvosa em seu velho Santana vermelho, carro de muitos anos, mas era seu xodó, não o trocaria por nenhum outro ate que se acabasse. Hoje acatou o conselho de Ludmila, uma jovem colega de trabalho que o aconselhara a pentear os cabelos para frente a fim de disfarçar a calvície que vinha rápida. De fato, pareceu mais jovem e os óculos de sol, mesmo numa manhã sem pouco sol, lhe deu ar de garotão.

Chegou a repartição, distribuiu cumprimentos e sentou-se a mesa para iniciar mais uma das tantas etapas burocráticas das pensões quando Ludmila se aproximou, sorridente:

- Pádua, ficou muito bom o cabelo, se te conhecesse hoje não diria que é careca.

- Eu não sou careca. Respondeu contrariado. Tenho apenas um principio de calvície.

Ludmila riu e antes de sair, deu a ele mais um conselho.

- O penteado esta bom, mas não combina com a blusa, usa alguma coisa mais jovem, alguma mais justa.

Ela se foi e Pádua seguiu todo o dia de trabalho com aquela sugestão na cabeça.

Saiu mais cedo do trabalho, já estava lá a quinze anos e podia se dar esses luxos, já era estável. Mesmo no centro entrou na primeira loja de roupas que encontrou, procurou as camisas da garotada, achou estampas e cores vibrantes, pegou umas 5 entre estampadas e lisas e foi ao provador.

Uma, duas... Cinco... Nenhuma lhe agradava, não gostava desse tipo de blusa, apertava-lhe os braços e exibia a barriga que denunciava seus chopps nas noites de sexta. Recorreu a vendedora, pediu sua opinião e ela, clara como uma especialista:

- Estas três ficaram ótimas!

Nem eu que escrevo, nem você que me lê, nem Pádua, ninguém acreditou na vendedora, mas às vezes uma mentira descarada para amaciar o ego é o combustível necessário.

Foi o Pádua embora para casa com três novas camisas, jovens, justas, lisas e que estavam ótimas. Ao chegar as vestiu novamente, depois de um banho bem tomado, tentou se acostumar com aquela visão, a barriga tão visível ainda incomodava. Preferia um de seus blusões, mais largos, de botões e principalmente, com um bolso para a caneta.

No dia seguinte, estava Pádua na repartição. Não estava sendo um bom dia, o calor resolvera voltar, o ar condicionado resolvera não funcionar direito, Pádua já colocara a mão no peito por três vezes atrás de sua caneta, perdera a conta das vezes que puxou a blusa para descolar da barriga e por duas vezes prendeu a respiração para parecer mais forte do que gordo.

- Seu bobo! Não tinha que ter comprado uma blusa assim só porque eu falei Pádua! Ele reconheceu a voz, aos ridos, de Ludmila. Pádua, que não era tão bobo, percebeu a intenção dela em usar a velha tática feminina em chamar homens de bobo para que se comportem como tal.

- Eu já tinha essa e outras duas em casa.

Nem eu que escrevo, nem você que me lê, nem Ludmila, ninguém acreditou. Mas ao contrario de nós dois, ela resolveu fingir.

- Ah bom!

Ela voltou ao trabalho e Pádua fez o mesmo. Já no final do expediente, Cláudio, um amigo mais antigo se aproxima e brinca:

- Que isso Pádua, ta malhando?

- Malhando?

- Usando Lycra. Ri

- Cala a boca!

- Serio Pádua, essa blusa aí ficou legal! Mas o problema é a careca cara, assume de vez, melhor nenhum do que cabelo meia boca do jeito que ta.

Pádua ouviu o conselho e o absorveu, os dois se despediram e cada um tomou seu rumo.

Em casa, no banheiro em frente ao espelho, Pádua pensou no conselho de Cláudio, penteava para frente e para trás o cabelo, para ver qual ficava melhor, Cláudio parecia ter razão, assumir a careca era a melhor opção sem duvida, no fim de semana Pádua rasparia!

A semana seguiu normal, o ar condicionado voltara a funcionar, Pádua se acostumou (mas continuava não gostando) com as blusas e com os apertos abdominais que causavam e até havia comprado mais duas. Por mais dois dias Cláudio reforçou: careca é melhor!

Chegou o fim de semana e Pádua foi taxativo com o cabeleireiro.

- Quero sair daqui careca como um skin head!.

E assim aconteceu, Pádua estranhava o vento na nuca (já havia se habituado ao vento na testa prolongada) mas concordou com Cláudio, careca era melhor, com seus óculos escuros então parecia rejuvenescer vinte anos!

Mais uma segunda-feira havia chegado e a repartição fora apresentado a um Pádua careca, ele não pode deixar de notar os olhares espantados e até admirados de alguns, Cláudio acenou positivamente para ele em sinal de aprovação e Ludmila, sorria (mas não aprovava).

Durante um cafezinho na hora do almoço, Pádua juntou-se a um grupo de homens que falavam de futebol, mulher e politica ate que um deles se virou a Padua e aconselhou:

- Pádua meu amigo, a careca ficou ótima, mas com esses óculos parece aquele cara da Televisão, Marcelo não sei o que.

Todos riram

- Compra uma lente, não ta cara não. Continuou

- Deixa a barba crescer um pouco também, daqui a pouco vão achar que você é um daqueles tiozinhos que gostam de pegar menina nova em baile. Outro concluiu

Pádua apenas sorriu e acenou com a cabeça.

No Domingo seguinte, caminhando pelas ruas de Copacabana, Pádua viu um vendedor arrumando uma manequim na vitrine de uma loja e vendo tal cena teve inspiração para um (infeliz) pensamento filosófico:

- Manequins... Manipulados por qualquer mão, será que aceitariam isso se tivessem gostos próprios? Pior que tem gente que se leva pelo gosto dos outros mesmo.

E seguiu feliz para casa, com suas lentes novas, roçando a mão na barba por fazer enquanto puxava, mais uma vez, a blusa apertada da barriga.

sábado, 1 de maio de 2010

Só depois de morto

Por Leandro Rocha

A imortalidade, peguem-na, é de vocês!” – Aquiles, Tróia

Não entendo como muitos gênios da ciência e das artes foram reconhecidos pelo seus trabalhos só depois da morte, se parar pra pensar vai ver que a minoria colheu os louros do sucesso.
Se me estiver reservado o sucesso no Livro dos Destinos, pedirei aos deuses escrivões que me dêem ainda em vida.
Sou novo, tenho 21 para 22 e o sucesso, se vier, tem tempo, talvez uns 70 anos quem sabe... Não... Eu não chego os 90, meus pecados na saúde já me tiraram alguns anos e ainda que me torne o “Super Saudável” não acho que minhas faltas serão abonadas.
Vivo na realidade globalizada, materialista, não posso me portar como os heróis do passado, não posso ser como Aquiles que lutou em Tróia somente para ter seu nome lembrado para sempre.
Gostaria de desfrutar do reconhecimento, eu, não meus filhos. Tenho duvidas quanto ao sucesso vindouro, acabou-se o tempo da Semana de Arte Moderna, acho que poucos vivem da palavra escrita, vive-se da palavra cantada, mas essa não é pra mim.
Não escrevo para ganhar, escrevo por escrever, porque gosto, mas não reclamaria se o Mago me ensinasse sua magia, ou vai ver, não há magia alguma, ele só deu sorte.
Tudo isso eu só supus, não escrevo no Livro dos Destinos, nem sei se ele existe, vou escrevendo e tentando ganhar a vida de outra forma. Um conselho: guarde esse texto, um dia, como disse uma amiga, ele pode valer uma nota. Ou não, vai ser mais um papel velho, amarelado, amassado no fundo da gaveta.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Skylab


Por Leandro Rocha
“Abri a geladeira, do IML”

Ele mata passarinhos, enforca freiras, namora uma mulher morta (por ele, provavelmente) e mora em um cemitério. Rogério Tolomei Teixeira esconde a face de Rogério Skylab.

Skylab começa com o lendário Samba do Skylab, que ninguém cnhece, samba esque que cria tal personagem que muitos dos “poderes estabelecidos” da mídia querem esconder.

O disco Fora da Grei foi o ensaio, a apresentação, daí veio a serie dos Skylabs, numerados de I a X (atualmente no IX).

Suas musicas escancaram a realidade mais terrível de nosso cotidiano nos fazem ver as coisas que a TV não mostra. Existem mulheres feias pra caralho!

Rogério critica, de forma muito original, a sociedade, a formula de musica que as emissoras de TV nos enfiam goela abaixo, “skylabistas” (me incluo) não querem festa no beco ou no apê, querem uma roda de um samba bem quente.

As composições tem diversos significados e algumas vezes até opostos, quem matou Lobão? Rogério não diz.

Ele é urbano, suas musicas são urbanas, Rogério não vai pedir que salvem as baleias, no maximo que se diminua o engarrafamento na Avenida Brasil.

Não vai mudar, Rogério não vai explodir na MPB, não terá um CD Perfil da Som Livre, nós sabemos disso e ele também, seus fãs vão crescendo devagar, graças a poucas almas que o apresenta ao publico, obrigado Jô Soares.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Meu Filho

Por Leandro Rocha


Meu filho, não posso descrever com palavras o dia em que você nasceu, não posso descrever a felicidade que senti ao bater os olhos pela primeira vez em você, frágil e vulnerável na incubadora, mesmo nas primeiras horas de vida, já tinha a cara do pai.

Você cresceu rápido e aprendeu com seu pai a jogar bola, mesmo não gostando muito acabou fazendo minha vontade e se tornou um excelente lateral direito, ainda guardo sua medalha de ouro de futebol das olimpíadas da sua escola.

E o Jiu-Jistu? Sua mãe sempre contra, um esporte violento, ela dizia. Coisa de mulher. Você sempre me deu orgulho em suas lutas, assisti todas que pude e uma que não podia, lembro das complicações que tive ao faltar uma reunião de trabalho para te ver em uma final de campeonato, você perdeu, eu sei, mas para mim, meu filho, você será sempre o campeão.

Sua adolescência chegou com um piscar de olhos, junto com ela veio a rebeldia, período difícil para nós dois, você não fazia o que eu queria, não entendia que eu sabia o que era melhor para você! Filho, me perdoe, confesso a você que conversei com amigos militares para que você não fosse dispensado do exercito, a carreira militar faz parte do amadurecimento de um homem e espero que um dia você reconheça isso e me agradeça.

Chegou o período da faculdade e o vestibular, pedimos a você que esquecesse a idéia de fazer musica e que fizesse medicina, que fosse medico, como eu, você fez, contrariado, amadurecia e percebia que a experiência de vida dos seus pais contavam mais do que sua vontade “anarquista”. Me orgulho dos seus estudos até a exaustão, eu sempre estava la para te dar um apoio, mais 5 minutos meu filho, mais um capitulo.

Você passou e ate hoje vejo as fotos do seu trote no primeiro dia de aula, sua felicidade estava estampada no rosto.

Foram anos difíceis, mas você conseguiu, entrou um menino e saiu um homem, um homem bonito, alto. Hoje deve concordar que foi a melhor escolha, aprendeu uma bela profissão e superou alguns medos, o de sangue e o de cadáveres, medos bobos meu filho, como sempre te falei.

Sua beleza hipnotizava as mulheres, mas dentre tantas você escolheu a pior, me desculpe ainda falar dela assim, mas ainda a abomino, mas você não foi abençoado só com beleza mas também com bom senso e depois de tanto te avisar, você percebeu que não a amava, como dizia com tanta propriedade, e que ela era uma interesseira.

Você saiu de casa, ia começar sua vida com sua esposa, essa sim aprovamos, excelente mulher. Mas sair de casa não significa perder os pais e sempre estivemos ali, presentes e supervisionando você, já era bem sucedido na medicina mas a experiência do seu velho pai ainda lhe servia, muito.

Me culpo por ser tão cego, me culpo por não perceber que a vida que eu montei para você e que você seguiu, muitas vezes contrariado, lhe faria tão infeliz no final, que lhe faria tomar uma atitude tão trágica, preferiria que você me tirasse a vida e não a própria, meu filho, essa ferida não irá cicatrizar.

Um pai não deve enterrar um filho, não há dor maior e, por isso, não fui ao seu enterro. Sua mãe foi e sei que isso gerou comentários, mas ninguém sabe o tamanho da minha dor.

Meu filho, todos os dias peço que me perdoe e espero que, quando a minha hora chegar, eu possa te encontrar, que você me de um abraço. Se pudesse voltar no tempo deixaria que você tomasse as suas atitudes, as suas escolhas, mas não posso, espero que outros pais não façam o que eu fiz, os filhos sabem o que é melhor para eles próprios.

Me perdoe, filho.

domingo, 25 de abril de 2010

Lógica explicativo



Por Rodrigo Santos




Muita gente sabe explicar muita coisa, eu mesmo já te expliquei o que vem a ser o charme, mas será que alguém me consegue explicar o que vem a ser exatamente uma explicação sem muitas redundâncias?

Pois bem, pensando nisso, resolvi tentar entender, me auto explicar e depois tentar te explicar o que vem a ser a explicação. Dizer que explicação é o ato de explicar algo para alguém, é muito lógico, porém sem fundamento. Dizer que é fazer alguém entender algum determinado assunto continua com o pensamento da primeira explicação, agora com outras palavras, tentando explicar de outra forma.

Em primeiro lugar, nunca confunda explicação com suposições. Quando você supõem algo, você não explica, suposições são vagas, explicações são exatas e pertencem a área.


Explicar é basicamente apresentar uma proposição, não uma suposta idéia, muito menos uma preposição. Essa proposição deve ser verdadeira e automaticamente conseqüência de uma outra.

Para tal, é necessário termos duas ou mais conexões entre as lógicas envolvidas, que se tornam idéias, enquanto não são provadas por uma análise lógica, tornando-se assim uma proposição verdadeira, na qual já se foi provada que não é falsa.

Caso isso aconteça, temos uma explicação. Caso ao contrário, fique tranqüilo, pois não foi você que não entendeu e sim ele que não soube te explicar.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Jorge Tadeu

Por Rodrigo Santos

Jorge Tadeu é Paranaense, filho de Jorge, neto de Jorge, Ogum é seu padrinho, Jorge é seu padrinho...

Morava em Vila dos Cabanos, distrito de Barbacena, embora não aparenta-se, tinha uma vida boa, por conta de seu trabalho. A Companhia sempre dominou bem aquela região, mas Jorge não, ele não dominava nada, quem dominava era sua companheira Dolores. A maioria dos moradores da região a conhecia, ou pelo menos, já tinham ouvido falar em seu nome. Sua fama não era a das melhores, mas ela tinha bom coração, e disso ninguém duvidava.

Todo dia 23 de Abril era o mesmo ritual... As cinco da manhã Jorge levantava, chamava seu filho, Jorge também, e iam para praça soltar os fogos da alvorada... Toda vizinhança já sabia que todo ano Jorge estaria lá com seus fogos, até mesmo no ano em que Jorge pai faleceu, Tadeu estava lá, em memória de seu pai, não soltou todos os fogos, mas soltou alguns... Ritual é ritual.

Jorge perdeu seu emprego na Companhia e com ele seus amigos, que nem eram amigos de verdade, perdeu sua mãe, sua família, perdeu sua paz, perdeu parte de sua vida, para ele, perderia ela por completa...

Ao contrário do nome que carregava, Jorge não era guerreiro, talvez por influencia do Tadeu, mas não importa, no fundo são os mesmo. Jorge poderia ter esquecido de tudo, mas nunca do dia 23, e assim era, ele continuava, mesmo sozinho, todo dia 23 de abril levantando às 5h da manhã e soltando os fogos na alvorada, mesmo sozinho cada pólvora que explodia, era como se ele senti-se vida dentro de si, era como se alguém fala-se para ele seguir e nunca desistir da vida, mesmo que pareça estar sozinho....

Hoje é dia 23 de Abril, é dia de Jorge. Tadeu certamente está, neste momento, pois são 5h, com seu braço esticado no meio da praça, soltando seus fogos, anunciando aos céus que ali também tem um Jorge...

Essa história é para todos os Jorge que conhecemos, seja Tadeu, João, Marcos e até mesmo Maria... Todos nós temos um lado Jorge na vida, um lado guerreiro, que demoramos a descobrir, às vezes é preciso perder muita coisa, às vezes é preciso perder tudo, para que esse Jorge grite ao nosso coração, como as horas, que na verdade são minutos, dos fogos de reveillon.

Salve Jorge!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cheirosa

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Seus passos vão na velocidade normal, caminhando despreocupado como quem tem certeza que nada de mais irá acontecer, então você escuta... “psiu”. Olha pra trás e a vê, sorridente vindo em sua direção, você também sorri, ela te abraça, você a abraça, ela te beija, você a beija, nesse momento você sente a fragrância, perfume que entra no seu corpo como brisa, aquela inspiração é a mais longa. Vocês trocam algumas palavras e ela vai embora, mas ela vai te acompanhar o resto do seu dia.

Foi a primeira vez que você sentiu aquele perfume nela, mesmo que tenha sentido em outras pessoas ele pareceu realçado no pescoço dela, apesar de ter sido só a primeira dose, você já se sente viciado, quer encontrá-la logo para trocar beijinhos, palavras e sentir o perfume.

Se você sabe o nome dela, esqueça, o nome já não serve mais. Ela agora é simplesmente aquele cheiro.

Lembrar do cheiro é ainda mais devastador que senti-lo, você se arrepia e se sente ate excitado, será que é afrodisíaco? Se não for, passou a ser pra você.

O dia passa devagar, quando pode você olha para os lados a procurando, daria mil beijos se a encontrasse mil vezes, mas o faz com discrição pois não quer parecer bobo aos seus amigos, a busca é em vão ela parece ter desaparecido. Ela ou os deuses estão de brincadeira com você, será que ela sabe que causou tamanho estrago em você?

A noite chega e você vai dormir, se deita e ela deita contigo, você lembra do perfume e o sono começa a ir embora a medida que as lembranças vem vindo, nesse estado lembranças nunca vêm sozinhas, trazem consigo a fantasia. O perfume já lhe parece três vezes melhor do que é realmente.

No dia seguinte, a busca continua, você fará caminhos um pouco diferentes mas ela pode fazer também, se a justiça divina existe ela fará um caminho que se cruze com o seu no momento que você estiver passando! Você vai ouvir o “psiu” novamente! Mas não acontece, outro dia sem vê-la, sem sentir o perfume dela... Como dizem, “mais um dia, mais um dólar”, mas um dólar sem cheiro, um dólar sem cheiro é Real.

O dia passa triste e ainda mais arrastado que ontem, você não a encontra de modo algum e não quer perguntar por ela aos amigos, não quer parecer interessado.

Mais uma noite e ela se deita com você, mas não fica muito, você dorme rápido sabendo que amanha pode não encontra-la.

No dia seguinte, você caminha preocupado, procurando quando ouve seu nome, você vira e vê, uma outra conhecida, você pensa que trocaria mil delas por aquela cheirosa de anteontem, vocês trocam beijinhos, se abraçam e você sente em uma bela inspiração o perfume... Perfume de... você não sabe, não é perfumista, só sabe que lhe agrada e quer sentir mais. Vocês trocam algumas palavras e ela vai embora, vai mas fica com você, substitui a outra que não se encontra mais agora você tem mais uma busca para o dia de hoje e de amanha. Mais uma busca ate que outra cheirosa cruze seu caminho disposta a um abraço, dois beijos e meia dúzia de palavras.