segunda-feira, 19 de abril de 2010

Minha Lente

Por Leandro Rocha



Com quantas câmeras você se depara durante o dia? Nas ruas, no banco, nas escolas. Em quantas delas há alguém te olhando? Olhando as outras pessoas de forma indiferente, afinal, o trabalho do vigia nada mais é do que vigiar se passa um homem, uma mulher, um cachorro ou um gato tanto faz, ele vigia. O que você não sabe é que há alguém te vigiando, alguém que não te olha com indiferença...

Te sigo todo o tempo, mesmo que não fisicamente, Orkut, Facebook, Twitter... sei todos e vejo todos, acompanho suas conversas, vejo suas fotos, todos os seus passos na rede passam aos meus olhos e você nem sabe.

Você passa na rua, te vejo da janela as vezes escondido atrás da cortina. Eu conheço seus horários, quando vem e quando vai. Sei o que você estuda e o que quer da vida, conheço seus planos para daqui vinte anos.

Conheço metade dos seus amigos e metade dos seus bons amigos, eles me falaram dos seus medos e anseios, eles me falaram muito de você.

Engraçado como quando te observo frente a frente me sinto seguro como se te olhasse através do computador, isso me entristece, pois você não me nota, mas eu te noto, noto muito, sei o movimento suave que faz para ajeitar os cabelos, para prendê-los.

Já te vi em praias, em festas. Já te observei enquanto dormia, coberta pelo frio em uma noite e com calor na noite seguinte, noto seu sorriso sempre que tenho oportunidade, o adoro, mas também adoro seu rosto zangado, contrariado... Também já te vi bêbada.

Mesmo nos meus sonhos eu estou te olhando de longe, neles você não é tão bonita quanto na realidade, talvez minha cabeça projete essa imagem para que eu tente perder o interesse, mas não adianta, no dia seguinte você passa novamente e traz consigo as cores, todas nos seus devidos lugares.

Como todas as outras da cidade, você não percebe minha lente, mesmo escancarada a sua frente, você não percebe. Lentes de quem te vê com carinho, de quem te quer bem, de quem te quer... De quem te quer... Já não sei se quero você ou se quero ser como você, não faz diferença no final.

Gostaria de te tocar e amar com as mãos, com o toque suave na sua pele, mas não posso, você não me dá essa chance, mas saiba que todo dia você é tocada e amada por olhos suaves, tão suaves que nem sente... Nem percebe.

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