
Eu e meus amigos seremos bardos na noite, andaremos em passos suaves nas ruas escuras de paralelepípedos iluminado pela luz dos postes que passa rente as folhas das arvores, pularemos sobre as muretas das casas e iremos nos equilibrar por toda sua extensão.
Um dia, cantaremos alto em inglês, alemão e espanhol sem saber a letra, cantaremos sem ritmo, sem afinação. Seremos livres das convenções e das leis, quebraremos as correntes da sociedade, não teremos nem certo nem errado.
Dançaremos sobre uma poça d’água e sobre a lama, sujaremos nossos pés descalços e sujaremos nossos chinelos ao calça-los. Gritaremos versos feitos por nós, não teremos medo de avaliação, não seremos avaliados, aprovados ou reprovados.
Nós beberemos vinho na garrafa, vinho com sabor de liberdade e rebeldia, estaremos bêbados enquanto caminharemos sob a chuva, apoiados uns aos outros.
Conservaremos o bom senso, saberemos respeitar e seremos respeitados, usaremos chapéus e bonés, ainda que a noite, não iremos nos proteger com eles, mas irão ser parte de nós, parte do grupo.
Homens e mulheres do grupo se abraçarão, uma mistura de amizade e amor, saberemos dos nossos podres, compartilharemos nossas falhas, exporemos nossos defeitos, eles não serão relevantes em nada, todos nós mentimos, todos nós dissimulamos alguma vez.
Eu e meus amigos seremos bardos na noite, mas não contaremos historia alguma, apenas viveremos aquela pequena travessia de rua, uns cinco minutos, como se vive uma vida inteira, nossos passos apagados pela chuva estarão para sempre na historia daquele lugar.
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