sexta-feira, 30 de abril de 2010

Skylab


Por Leandro Rocha
“Abri a geladeira, do IML”

Ele mata passarinhos, enforca freiras, namora uma mulher morta (por ele, provavelmente) e mora em um cemitério. Rogério Tolomei Teixeira esconde a face de Rogério Skylab.

Skylab começa com o lendário Samba do Skylab, que ninguém cnhece, samba esque que cria tal personagem que muitos dos “poderes estabelecidos” da mídia querem esconder.

O disco Fora da Grei foi o ensaio, a apresentação, daí veio a serie dos Skylabs, numerados de I a X (atualmente no IX).

Suas musicas escancaram a realidade mais terrível de nosso cotidiano nos fazem ver as coisas que a TV não mostra. Existem mulheres feias pra caralho!

Rogério critica, de forma muito original, a sociedade, a formula de musica que as emissoras de TV nos enfiam goela abaixo, “skylabistas” (me incluo) não querem festa no beco ou no apê, querem uma roda de um samba bem quente.

As composições tem diversos significados e algumas vezes até opostos, quem matou Lobão? Rogério não diz.

Ele é urbano, suas musicas são urbanas, Rogério não vai pedir que salvem as baleias, no maximo que se diminua o engarrafamento na Avenida Brasil.

Não vai mudar, Rogério não vai explodir na MPB, não terá um CD Perfil da Som Livre, nós sabemos disso e ele também, seus fãs vão crescendo devagar, graças a poucas almas que o apresenta ao publico, obrigado Jô Soares.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Meu Filho

Por Leandro Rocha


Meu filho, não posso descrever com palavras o dia em que você nasceu, não posso descrever a felicidade que senti ao bater os olhos pela primeira vez em você, frágil e vulnerável na incubadora, mesmo nas primeiras horas de vida, já tinha a cara do pai.

Você cresceu rápido e aprendeu com seu pai a jogar bola, mesmo não gostando muito acabou fazendo minha vontade e se tornou um excelente lateral direito, ainda guardo sua medalha de ouro de futebol das olimpíadas da sua escola.

E o Jiu-Jistu? Sua mãe sempre contra, um esporte violento, ela dizia. Coisa de mulher. Você sempre me deu orgulho em suas lutas, assisti todas que pude e uma que não podia, lembro das complicações que tive ao faltar uma reunião de trabalho para te ver em uma final de campeonato, você perdeu, eu sei, mas para mim, meu filho, você será sempre o campeão.

Sua adolescência chegou com um piscar de olhos, junto com ela veio a rebeldia, período difícil para nós dois, você não fazia o que eu queria, não entendia que eu sabia o que era melhor para você! Filho, me perdoe, confesso a você que conversei com amigos militares para que você não fosse dispensado do exercito, a carreira militar faz parte do amadurecimento de um homem e espero que um dia você reconheça isso e me agradeça.

Chegou o período da faculdade e o vestibular, pedimos a você que esquecesse a idéia de fazer musica e que fizesse medicina, que fosse medico, como eu, você fez, contrariado, amadurecia e percebia que a experiência de vida dos seus pais contavam mais do que sua vontade “anarquista”. Me orgulho dos seus estudos até a exaustão, eu sempre estava la para te dar um apoio, mais 5 minutos meu filho, mais um capitulo.

Você passou e ate hoje vejo as fotos do seu trote no primeiro dia de aula, sua felicidade estava estampada no rosto.

Foram anos difíceis, mas você conseguiu, entrou um menino e saiu um homem, um homem bonito, alto. Hoje deve concordar que foi a melhor escolha, aprendeu uma bela profissão e superou alguns medos, o de sangue e o de cadáveres, medos bobos meu filho, como sempre te falei.

Sua beleza hipnotizava as mulheres, mas dentre tantas você escolheu a pior, me desculpe ainda falar dela assim, mas ainda a abomino, mas você não foi abençoado só com beleza mas também com bom senso e depois de tanto te avisar, você percebeu que não a amava, como dizia com tanta propriedade, e que ela era uma interesseira.

Você saiu de casa, ia começar sua vida com sua esposa, essa sim aprovamos, excelente mulher. Mas sair de casa não significa perder os pais e sempre estivemos ali, presentes e supervisionando você, já era bem sucedido na medicina mas a experiência do seu velho pai ainda lhe servia, muito.

Me culpo por ser tão cego, me culpo por não perceber que a vida que eu montei para você e que você seguiu, muitas vezes contrariado, lhe faria tão infeliz no final, que lhe faria tomar uma atitude tão trágica, preferiria que você me tirasse a vida e não a própria, meu filho, essa ferida não irá cicatrizar.

Um pai não deve enterrar um filho, não há dor maior e, por isso, não fui ao seu enterro. Sua mãe foi e sei que isso gerou comentários, mas ninguém sabe o tamanho da minha dor.

Meu filho, todos os dias peço que me perdoe e espero que, quando a minha hora chegar, eu possa te encontrar, que você me de um abraço. Se pudesse voltar no tempo deixaria que você tomasse as suas atitudes, as suas escolhas, mas não posso, espero que outros pais não façam o que eu fiz, os filhos sabem o que é melhor para eles próprios.

Me perdoe, filho.

domingo, 25 de abril de 2010

Lógica explicativo



Por Rodrigo Santos




Muita gente sabe explicar muita coisa, eu mesmo já te expliquei o que vem a ser o charme, mas será que alguém me consegue explicar o que vem a ser exatamente uma explicação sem muitas redundâncias?

Pois bem, pensando nisso, resolvi tentar entender, me auto explicar e depois tentar te explicar o que vem a ser a explicação. Dizer que explicação é o ato de explicar algo para alguém, é muito lógico, porém sem fundamento. Dizer que é fazer alguém entender algum determinado assunto continua com o pensamento da primeira explicação, agora com outras palavras, tentando explicar de outra forma.

Em primeiro lugar, nunca confunda explicação com suposições. Quando você supõem algo, você não explica, suposições são vagas, explicações são exatas e pertencem a área.


Explicar é basicamente apresentar uma proposição, não uma suposta idéia, muito menos uma preposição. Essa proposição deve ser verdadeira e automaticamente conseqüência de uma outra.

Para tal, é necessário termos duas ou mais conexões entre as lógicas envolvidas, que se tornam idéias, enquanto não são provadas por uma análise lógica, tornando-se assim uma proposição verdadeira, na qual já se foi provada que não é falsa.

Caso isso aconteça, temos uma explicação. Caso ao contrário, fique tranqüilo, pois não foi você que não entendeu e sim ele que não soube te explicar.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Jorge Tadeu

Por Rodrigo Santos

Jorge Tadeu é Paranaense, filho de Jorge, neto de Jorge, Ogum é seu padrinho, Jorge é seu padrinho...

Morava em Vila dos Cabanos, distrito de Barbacena, embora não aparenta-se, tinha uma vida boa, por conta de seu trabalho. A Companhia sempre dominou bem aquela região, mas Jorge não, ele não dominava nada, quem dominava era sua companheira Dolores. A maioria dos moradores da região a conhecia, ou pelo menos, já tinham ouvido falar em seu nome. Sua fama não era a das melhores, mas ela tinha bom coração, e disso ninguém duvidava.

Todo dia 23 de Abril era o mesmo ritual... As cinco da manhã Jorge levantava, chamava seu filho, Jorge também, e iam para praça soltar os fogos da alvorada... Toda vizinhança já sabia que todo ano Jorge estaria lá com seus fogos, até mesmo no ano em que Jorge pai faleceu, Tadeu estava lá, em memória de seu pai, não soltou todos os fogos, mas soltou alguns... Ritual é ritual.

Jorge perdeu seu emprego na Companhia e com ele seus amigos, que nem eram amigos de verdade, perdeu sua mãe, sua família, perdeu sua paz, perdeu parte de sua vida, para ele, perderia ela por completa...

Ao contrário do nome que carregava, Jorge não era guerreiro, talvez por influencia do Tadeu, mas não importa, no fundo são os mesmo. Jorge poderia ter esquecido de tudo, mas nunca do dia 23, e assim era, ele continuava, mesmo sozinho, todo dia 23 de abril levantando às 5h da manhã e soltando os fogos na alvorada, mesmo sozinho cada pólvora que explodia, era como se ele senti-se vida dentro de si, era como se alguém fala-se para ele seguir e nunca desistir da vida, mesmo que pareça estar sozinho....

Hoje é dia 23 de Abril, é dia de Jorge. Tadeu certamente está, neste momento, pois são 5h, com seu braço esticado no meio da praça, soltando seus fogos, anunciando aos céus que ali também tem um Jorge...

Essa história é para todos os Jorge que conhecemos, seja Tadeu, João, Marcos e até mesmo Maria... Todos nós temos um lado Jorge na vida, um lado guerreiro, que demoramos a descobrir, às vezes é preciso perder muita coisa, às vezes é preciso perder tudo, para que esse Jorge grite ao nosso coração, como as horas, que na verdade são minutos, dos fogos de reveillon.

Salve Jorge!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cheirosa

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Seus passos vão na velocidade normal, caminhando despreocupado como quem tem certeza que nada de mais irá acontecer, então você escuta... “psiu”. Olha pra trás e a vê, sorridente vindo em sua direção, você também sorri, ela te abraça, você a abraça, ela te beija, você a beija, nesse momento você sente a fragrância, perfume que entra no seu corpo como brisa, aquela inspiração é a mais longa. Vocês trocam algumas palavras e ela vai embora, mas ela vai te acompanhar o resto do seu dia.

Foi a primeira vez que você sentiu aquele perfume nela, mesmo que tenha sentido em outras pessoas ele pareceu realçado no pescoço dela, apesar de ter sido só a primeira dose, você já se sente viciado, quer encontrá-la logo para trocar beijinhos, palavras e sentir o perfume.

Se você sabe o nome dela, esqueça, o nome já não serve mais. Ela agora é simplesmente aquele cheiro.

Lembrar do cheiro é ainda mais devastador que senti-lo, você se arrepia e se sente ate excitado, será que é afrodisíaco? Se não for, passou a ser pra você.

O dia passa devagar, quando pode você olha para os lados a procurando, daria mil beijos se a encontrasse mil vezes, mas o faz com discrição pois não quer parecer bobo aos seus amigos, a busca é em vão ela parece ter desaparecido. Ela ou os deuses estão de brincadeira com você, será que ela sabe que causou tamanho estrago em você?

A noite chega e você vai dormir, se deita e ela deita contigo, você lembra do perfume e o sono começa a ir embora a medida que as lembranças vem vindo, nesse estado lembranças nunca vêm sozinhas, trazem consigo a fantasia. O perfume já lhe parece três vezes melhor do que é realmente.

No dia seguinte, a busca continua, você fará caminhos um pouco diferentes mas ela pode fazer também, se a justiça divina existe ela fará um caminho que se cruze com o seu no momento que você estiver passando! Você vai ouvir o “psiu” novamente! Mas não acontece, outro dia sem vê-la, sem sentir o perfume dela... Como dizem, “mais um dia, mais um dólar”, mas um dólar sem cheiro, um dólar sem cheiro é Real.

O dia passa triste e ainda mais arrastado que ontem, você não a encontra de modo algum e não quer perguntar por ela aos amigos, não quer parecer interessado.

Mais uma noite e ela se deita com você, mas não fica muito, você dorme rápido sabendo que amanha pode não encontra-la.

No dia seguinte, você caminha preocupado, procurando quando ouve seu nome, você vira e vê, uma outra conhecida, você pensa que trocaria mil delas por aquela cheirosa de anteontem, vocês trocam beijinhos, se abraçam e você sente em uma bela inspiração o perfume... Perfume de... você não sabe, não é perfumista, só sabe que lhe agrada e quer sentir mais. Vocês trocam algumas palavras e ela vai embora, vai mas fica com você, substitui a outra que não se encontra mais agora você tem mais uma busca para o dia de hoje e de amanha. Mais uma busca ate que outra cheirosa cruze seu caminho disposta a um abraço, dois beijos e meia dúzia de palavras.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Minha Lente

Por Leandro Rocha



Com quantas câmeras você se depara durante o dia? Nas ruas, no banco, nas escolas. Em quantas delas há alguém te olhando? Olhando as outras pessoas de forma indiferente, afinal, o trabalho do vigia nada mais é do que vigiar se passa um homem, uma mulher, um cachorro ou um gato tanto faz, ele vigia. O que você não sabe é que há alguém te vigiando, alguém que não te olha com indiferença...

Te sigo todo o tempo, mesmo que não fisicamente, Orkut, Facebook, Twitter... sei todos e vejo todos, acompanho suas conversas, vejo suas fotos, todos os seus passos na rede passam aos meus olhos e você nem sabe.

Você passa na rua, te vejo da janela as vezes escondido atrás da cortina. Eu conheço seus horários, quando vem e quando vai. Sei o que você estuda e o que quer da vida, conheço seus planos para daqui vinte anos.

Conheço metade dos seus amigos e metade dos seus bons amigos, eles me falaram dos seus medos e anseios, eles me falaram muito de você.

Engraçado como quando te observo frente a frente me sinto seguro como se te olhasse através do computador, isso me entristece, pois você não me nota, mas eu te noto, noto muito, sei o movimento suave que faz para ajeitar os cabelos, para prendê-los.

Já te vi em praias, em festas. Já te observei enquanto dormia, coberta pelo frio em uma noite e com calor na noite seguinte, noto seu sorriso sempre que tenho oportunidade, o adoro, mas também adoro seu rosto zangado, contrariado... Também já te vi bêbada.

Mesmo nos meus sonhos eu estou te olhando de longe, neles você não é tão bonita quanto na realidade, talvez minha cabeça projete essa imagem para que eu tente perder o interesse, mas não adianta, no dia seguinte você passa novamente e traz consigo as cores, todas nos seus devidos lugares.

Como todas as outras da cidade, você não percebe minha lente, mesmo escancarada a sua frente, você não percebe. Lentes de quem te vê com carinho, de quem te quer bem, de quem te quer... De quem te quer... Já não sei se quero você ou se quero ser como você, não faz diferença no final.

Gostaria de te tocar e amar com as mãos, com o toque suave na sua pele, mas não posso, você não me dá essa chance, mas saiba que todo dia você é tocada e amada por olhos suaves, tão suaves que nem sente... Nem percebe.

domingo, 18 de abril de 2010

Conto Erótico


Por Rodrigo Santos


“Eu gosto do seu corpo / Eu gosto do que ele faz / Eu gosto de como ele faz /
Eu gosto de sentir as formas do seu corpo / Dos seus ossos /
E de sentir o tremor firme e doce / De quando lhe beijo /
E volto a beijar / E volto a beijar / E volto a beijar”

E. E. Cummings




Ela surge como um passe de mágica, ela é a verdadeira mágica, sua essência me seduz, seu perfume entorpecedor me envolve ao ponto de me fazer perder quase todos os sentidos... Os que me restam, aproveito para sentir sua pele, lisa e macia, sobre meu corpo que já treme a sua presença.
O desejo aumenta, e com ele uma vontade imensa de percorrer cada curva de seu corpo... Como um velho poeta, que saí a vagar na rua, pela madrugada, a procura de inspiração, assim sou eu. Me vejo perdido pelas ruas de seu corpo, a luz da casa apagada, me faz acreditar que já é alta madrugada... Começo a caminhar pelos cantos, bem lentamente, em cada esquina uma pequena pausa antes de virar a próxima rua, vejo se estou realmente sozinho, realmente livre e percebo que todas as ruas ali pertencem somente a mim.
Continuo a caminhada sem saber onde chegar, minha boca, seca de tanto pisar sobre as ruas, resolve beber de sua água, da água que brota nos canteiros plantados nas curvas de seu corpo... Com ela molhada, posso deslizar com mais facilidade sobre essas ruas, que agora são minhas...
Diferente de antes, o comando agora é meu, os sentidos que me roubaste, os tenho de volta, agora em dobro, pois tenho os seus, pois tenho você...
Beijo sua boca, seu corpo tremulo, pede que o beije mais e mais e mais.... Suas mãos, leves e com o suor entre os dedos, apertam minha nuca enquanto minha boca dança zouk na sua. Bebo mais um pouco de seu líquido e escuto um gemido forte que vem de sua boca.
Já não se sabe a qual rua estamos andando, a qual esquina virar, a madrugada, que antes era um quarto escuro, se torna uma noite de luar. Dois corpos se comunicam intensamente, esquecendo qual rua pertence a quem, se é que pertenciam. Nossas bocas grudam uma nas outras, acendendo chamas pelas ruas, os montes de seu corpo já são verdadeiros vulcões em erupção, suas lavas me queimam de prazer, meu prazer intensifica sua erupção...
Somos um!

sábado, 17 de abril de 2010

PSICOGRAFIA

Por Rodrigo Santos

Hoje eu acordei! Me senti bem melhor do que eu sentia ao dormir, na verdade não sinto mais nada...
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É estranho, as coisas por aqui não são tão diferentes assim, as pessoas, se é que posso chamá-las assim agora, trabalham, estudam, têm uma vida, embora não faça sentido algum dizer isso. Mas na primeira aula já me ensinaram sobre isso, sentido algum faria se realmente fosse um fim, embora eu nunca acreditasse nisso, e vocês sabem que não, vó Neusa me fez acreditar. Pois é, depois desse tempo todo eu a encontrei aqui, isso fez valer a pena o meu fim, ou melhor, o meu começo!

Mas, não estou aqui pra falar como é a vida aqui em cima, eles não me dariam essa oportunidade para falar como as coisas acontecem por aqui, tem muitos livros aí que falam muito bem como é, podem acreditar... Me sinto honrado em ter essa oportunidade, minha vinda pra cá faz muito pouco tempo, tantos outros já estão numa linha evolutiva maior que a minha, não entendi por que eu. Vó Neusa disse que eu era muito mais do que todos imaginavam, eu mesmo não me dava valor, isso eu tenho que concordar. Vózinha ainda disse que eu poderia ter ganho uma chance se tive-se ouvido a Sandra naquela noite, mas não, preferi dar uma de machão e fui assim mesmo, mesmo sentindo que a mana tinha razão. Prefiro acreditar que tudo está escrito, que nada naquela noite seria diferente.

Mana, sei que se arrepende todo dia de não ter me segurado naquela noite, mas tinha que ser, vó Neusa disse que se eu não fosse, o pai iria no meu lugar e certamente aconteceria com ele. Mas o carma do pai é pior que o meu, ele não teria a chance de escrever pra gente depois de tão pouco tempo assim. O pai sempre foi muito cético, até mais que eu. Acho que se ele ler isso antes de vocês, rasgará tudo e vai fingir que nada aconteceu. Talvez ajude dizer que todo carnaval em Saquarema ele fingia estar com sono as 8h pra mãe deitar com ele e eu e o pessoal sair. Só eu sabia que ele não estava com sono, se realmente tive-se, Martinha não estaria aí né? rsrs

Também posso dizer que o pai colocava coca-cola escondido na bolsa da escola, e que quando eu tinha uns 12 anos ele dizia pra mãe que iria me por pra dormir e ficava jogando street fighter, enquanto ela arrumava a cozinha.

Pai, eu sei que você não acredita em nada disso, sei da sua criação, sei de tudo, mas vou te mostrar que sou eu, nem que seja em sonho ou até mesmo “pessoalmente” se os evoluídos daqui deixarem. A Martinha já me viu 2 vezes, vó Neusa já me levou aí pra ver a mãe...

Mãe, dona Sisi, Sileide Maria, como eu gostava de chamar a senhora, seu filho está bem aqui... Vó Neusa está cuidado bem de mim, ela pede pra você doar as pinturas dela, segundo ela, irão ser mais úteis num orfanato no que no porão do sítio. Eu particularmente continuo achando aquelas pinturas nada a ver, mas se ela diz eu acredito.

Mãe, de um beijo em todos aí, no pai, na Sandra, na Martinha. Um evoluído aqui me disse que eu voltarei como filho da Martinha, já pensou dona Sisi, eu seu neto? Diz pro Tadeu que já encontrei com o Guilherme também, ele demorou um pouco a aceitar a idéia, mas hoje a mais calmo...

Liga pro Souza e diz que ele pode pegar minha coleção dos clássicos. Nós tínhamos um trato, se ele chega-se aqui na minha frente, eu ficaria com os álbuns dele, como eu vim na frente, perdi minha coleção de clássicos, mas trato é trato né?!

Bem, já escrevi muito por hoje, vó Neusa disse que isso cansa o moço que ta aqui comigo, mas bem que eu gostei disso. Quem sabe eu volto a escrever? Quem sabe eu escreva um livro? Amo todos que ficaram, não chorem por mim, estou muito bem aqui, estou mais perto do que vocês imaginam e segundo vó Neusa, voltarei em breve, ela eu acho que não, ela disse que ainda tem que esperar o pai, que ele vai dar muito trabalho aqui, mais que ele ainda vai conhecer o netinho dele.... rsrs
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Ah, já ia me esquecendo... Mana, na última gaveta do meu armário tem um envelope com uma carta e uma chave, entregue na mão da Bia, ela também sofre muito por minha causa, aquela carta eu escrevi pra ela 2 dias antes da noite que me trouxe até aqui, diga a ela que ela foi a garota que eu mais amei e assim que eu tiver outra oportunidade escreverei pra ela também, por enquanto ela fica com a carta que escrevi em vida.

Um beijo no coração de todos vocês! E acreditem, o que morre é a carne o espírito continua vivo aqui em cima e na memória de vocês aí em baixo.

Júlio César Campelo Braga

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bardos na noite

Por Leandro Rocha

"Um bardo, na história antiga da Europa, era uma pessoa encarregada de transmitir as histórias, as lendas e poemas de forma oral, cantando a história de seus povos em poemas recitados. Era simultaneamente músico e poeta e, mais tarde, seria designado de trovador. É a principal raiz da música tradicional irlandesa."


Eu e meus amigos seremos bardos na noite, andaremos em passos suaves nas ruas escuras de paralelepípedos iluminado pela luz dos postes que passa rente as folhas das arvores, pularemos sobre as muretas das casas e iremos nos equilibrar por toda sua extensão.

Um dia, cantaremos alto em inglês, alemão e espanhol sem saber a letra, cantaremos sem ritmo, sem afinação. Seremos livres das convenções e das leis, quebraremos as correntes da sociedade, não teremos nem certo nem errado.

Dançaremos sobre uma poça d’água e sobre a lama, sujaremos nossos pés descalços e sujaremos nossos chinelos ao calça-los. Gritaremos versos feitos por nós, não teremos medo de avaliação, não seremos avaliados, aprovados ou reprovados.

Nós beberemos vinho na garrafa, vinho com sabor de liberdade e rebeldia, estaremos bêbados enquanto caminharemos sob a chuva, apoiados uns aos outros.

Conservaremos o bom senso, saberemos respeitar e seremos respeitados, usaremos chapéus e bonés, ainda que a noite, não iremos nos proteger com eles, mas irão ser parte de nós, parte do grupo.

Homens e mulheres do grupo se abraçarão, uma mistura de amizade e amor, saberemos dos nossos podres, compartilharemos nossas falhas, exporemos nossos defeitos, eles não serão relevantes em nada, todos nós mentimos, todos nós dissimulamos alguma vez.

Eu e meus amigos seremos bardos na noite, mas não contaremos historia alguma, apenas viveremos aquela pequena travessia de rua, uns cinco minutos, como se vive uma vida inteira, nossos passos apagados pela chuva estarão para sempre na historia daquele lugar.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O sabor amargo do algodão doce (final)

Por Rodrigo Santos

“Saía de um inverno quente,
para entrar numa primavera com tempestades de verão...”

Assim como toda tempestade de verão, que carrega em suas gotas, toda frieza da natureza, caindo na terra e levando consigo tudo o que a ela interessar, sem ao menos pensar nos outros, era a vida do menino. Ele já começava a se libertar das garras da sociedade que o julgava pela sua fome inexplicável, as conversas com a moça da serra o ajudava bastante nisso também. Já estava me esquecendo de falar nela...
Toda terça-feira de lua cheia, o menino subia a serra do rancho para se encontrar com uma moça muito misteriosa, ela parecia saber sempre de tudo... Sabia de suas vontades, de seus amores, suas frustrações, de seus pecados, e como sabia, e claro não podia falar o algodão doce... Embora soubesse, era um assunto pouco discutido entre eles, até aquela primavera.
Vocês devem estar se perguntando... E aquele algodão de gosto indefinido que o menino tinha encontrado? Pois bem, esse já não era tão indefinido assim, era doce, muito doce, mas não era enjoativo, não para aquela boca, que já estava acostumada com tantos sabores diferentes.
Como em toda história, passou-se algum tempo, mas nunca a vontade de comer algodão doce. Mas agora era diferente, o menino só comia algodão, alguns até chegaram a ver o menino passando pela praça das pipocas comendo seu algodão doce, ele já não se importava com os pensamentos e os olhos recriminadores das pessoas, ele era dono de si, não precisava de ninguém para nada, mas muitos precisavam dele para tudo, ou quase tudo. Os dias de lua cheia o fazia acreditar nisso.
Hoje em dia, o menino continua saboreando o mesmo algodão doce de sempre, cada dia com mais vontade, com mais desejo... Não importa se, assim como um saco de pipoca, um algodão doce também acaba. Se acabar, ele compra outro do mesmo dono, da mesma cor, do mesmo sabor, será o mesmo! E se algum dia ele não tiver mais o mesmo, ele levará em sua história o eterno sabor daquele algodão que marcou sua vida, não se importando com o seu sabor amargo, que para o jovem garoto, que hoje nem é tão jovem assim, será eternamente doce.
Fim? Não!
Essa história nunca terá um fim, pode acabar todo algodão doce do mundo, pode sobrar algodão doce, o menino pode morrer, e ele vai um dia, mas o sabor amargo do algodão doce nunca morrerá, sempre haverá alguém, próximo ou não do menino que seguirá esta história... Sempre haverá pipocas, algodões, balas, pirulitos... E sempre haverá alguém que irá comê-los.
Fica aqui um conselho dos dias de lua cheia, se não te faz mal, coma! Açúcar e sal fazem mal para diabéticos e hipertensos, se a doença não é sua, coma, se lambuze, mesmo que se arrependa depois. Não se importe se o açúcar faz mal para aqueles que se incomodam com você, se te faz bem, o doente em questão não é você! Pense que você terá histórias para contar para seus netos, ou melhor, pense que um dia você poderá ser a própria terça-feira de lua cheia...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vingança!


Por Leandro Rocha


Vinguemos-nos de todos que nos fizeram mal, sejamos nós a lei do retorno e sejamos nós o flagelo dos deuses! Nossos malfeitores irão se arrepender do dia em que ousaram virar-se contra nós...

A Senhora Justiça tem os olhos vendados e carrega uma espada pesada. A espada dela tem dois fios, de um lado a justiça tida como a correta, aquela feita pelo Estado contra o infrator da lei, no outro fio temos a justiça errada, feita com as próprias mãos, a justiça feita com paixão e fúria daquele que se sentiu ofendido. Qual delas é a justiça verdadeira?

As duas, a vingança é a manifestação da mais pura e cruel justiça, mas esta é a justiça divina? A justiça dos homens? Não, de forma alguma, ela é a sua justiça, aquela criada baseada em suas experiências, a balança pesa com o seu sofrimento e suas lagrimas.

A vingança vem na proporção exata do injustiçado, ninguém alem dele sabe o quanto sofreu e quanta dor sentiu, só ele, só ele é capaz de pesar seus atos, as conseqüências, o ato de sofreu e as conseqüências disso, o veredicto vem em atitudes baseadas na raiva e na revanche.

Mas o lado sombrio da espada da Justiça tem um lado ainda mais obscuro, a vingança raramente vem de forma limpa, costuma vir como o disparo nas costas, como o veneno no suco de laranja, os golpes de faca que interrompem o sono noturno para jogar-lhe no sono eterno.

O problema de se vingar é que este é um efeito bola de neve, você se vinga, alguém se vinga em você e outro alguém te vinga, a justiça nunca deixará de aplicar seus golpes implacáveis. Golpes justos, certeiros, talvez mais certeiros que os golpes dado pelo Estado, mas golpes saídos das sombras, dos pontos mais obscuros da sua alma, vingador.

sábado, 10 de abril de 2010

Tempo

Por Leandro Rocha

Quantos ditados existem sobre o tempo? “O tempo é o senhor da razão”, “o tempo é muito lento para os que esperam”, “o tempo é o melhor remédio”. São tantos. Mas prefiro dizer que o tempo é o grande organizador de vidas e vou te mostrar como.
Nós nos baseamos no tempo, no passar dos minutos e das horas, através dele sabemos quando devemos ir para a academia, quando ir estudar, que horas almoçar e uma infinidade de outras coisas, sua vida esta organizada em livros, capítulos e títulos mostrados pelo tempo, a sua infância, o antigamente, o depois de amanha...
Ele também é soberano nas suas relações, o tempo fortalece amizades, mostra mentiras, faz você perdoar os que falharam contigo, desfaz velhos inimigos, trás e leva amores, muitas vezes, ao mesmo tempo. Poucas coisas são eternas, pois o tempo também traz a renovação, o velho deteriora ate desaparecer para que o novo apareça.
O tempo pode estar contra você, durante o atraso, você precisa fazer mais em menos tempo, o relógio se torna um grande inimigo e parece andar mais devagar, por outro lado, quando você tem folga o tempo parece correr e aí você nem mesmo curtiu seu momento, foi tão rápido...
O tempo é um álbum de fotos passadas e futuras. Onde você se vê daqui a 20 anos? Hoje sua foto do ano 2020 te mostra bem sucedido, com dinheiro, viagens e boa companhia, um resto da vida garantida para você e seus filhos. As fotos passadas? São lembranças.
Podemos chamá-lo de senhor dos eventos pois tudo esta acontecendo no correr do relógio, tudo nesse mundo acontece de um minuto pro outro e se não acontece, começa a acontecer, você começou a respirar entre um minuto e outro minuto e começou acontecer e vem acontecendo ate o ultimo suspiro. Por outro lado há coisas que começam e terminam no mesmo instante... um espirro por exemplo.
Daqui a dois meses você não se lembrará que leu este texto e eu provavelmente nem tomarei conhecimento disso, não importa, o tempo é presente e durante seus dois minutos dedicados a esta leitura, nos ligou. A quantas pessoas em quantos eventos mais o tempo te ligará? Fique de olho, ele normalmente só faz isso uma vez e ai, o que restar, são fotos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

E se...

Por Leandro Rocha

Quantas vezes você deixou de fazer algo porque supôs que outra coisa aconteceria?

Quantas vezes você deixou de pedir permissão para sair, pois se sua mãe tivesse nervosa, ela não deixaria? Quantas vezes você deixou de viajar porque se chovesse seria um péssimo programa? Se você pudesse voar, voaria? Se você pudesse ter a mulher dos seus sonhos, a faria feliz? Se você ficasse no lugar do seu chefe, seria mais amigável com os subordinados?

Engraçado como essas suposições são, normalmente, para te deixar triste, por que é mais fácil pensar que se chover não vai rolar praia com os amigos e não pensar que se fizer sol, será um ótimo dia?

Perceba que a viagem poderia ter sido ótima se você não tivesse criado seus dons premonitórios e simplesmente ido, seus amigos foram e não choveu, não fez frio, fez sol sem muito calor...

Qual caminho você vai tomar? Fatos ou suposições? O caminho mais fácil é o das suposições, não vai dar certo e pronto, mas é um caminho infeliz, entenda que correr riscos e enfrentar sua mãe, pedir para sair, viajar e enfrentar a chuva é viver, se chover, saia e tome um banho, não pense que SE cair um raio...

Eu só falei da sua mãe e da sua viagem não é? Esqueci da mulher da sua vida e do seu chefe... Ela deve estar mais próxima de você do que pensa, tire esse titulo “da sua vida” dela e vai conseguir enxergar muitas que estão perto de você e algumas delas já te olham... Quanto a seu chefe... Não quero entrar em detalhes pois se eu o fizer, você pode não gostar.