sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sua vez chegará

Quem nunca ouviu alguém dizer: não cuspa para o alto, ele poderá cair na sua testa? Pois é, quantos cuspes já voltaram na sua testa ou quantos ainda irão cair? Eu garanto que vários, por mais que você diga que não... É normal, em todo ser humano, ter dias como estes que vou te mostrar...

Dias que você irá colar chicletes em baixo da cadeira da escola, em que jogará bolinha de papel na cabeça do colega, ou até mesmo da professora. Por mais que diga que não, você irá colar da prova do vizinho, irá roubar biscoitos da merenda de alguém...

O tempo vai passar um pouco, você não roubará mais biscoitos, agora você irá pegar as moedas do carro de seu pai, ficará com o troco das idas aos bares, todo domingo, para seus tios e falará que é por conta do frete.

Mais a frente irá brincar de salada mista, dizendo que é pique esconde. Irá inventar trabalhos escolares para se encontrar com alguém. Irá matar aula para ir ao shopping, irá matar aula para dormir...

Mas lá pra frente, você irá inventar uma dor de barriga para não ir trabalhar, andará de carro sem cinto, isso sem dúvidas, tomará um porre, e vai dizer no dia seguinte que nunca mais irá beber, pensará em ir numa casa de swing, alguns até irão, falará para todos, “que nada, somo apenas amigos”, quando na verdade já estão comemorando 6 meses de relacionamento. Os virgens falarão que já “comeram” 3 e as rodadas falarão que só “deram” pra 1.

Um dia você irá olhar diferente para mulher de algum conhecido, irá escutar as palavras sábias de seus avôs e em outros falaram que eles estão ficando doidos. Certamente dormirá no motel dizendo que está na casa da amiga estudando, e em outro dirá que amiga dormiu em sua casa.

Se você chegar aos 30 sem ter feito pelo menos um terço do que eu escrevi, não pense que estava dormindo, vai ver você só resolverá colar chicletes embaixo da mesa aos 50... Não importa a idade, viva a sua vida, quanto tudo isso, não precise cuspir para o alto, pois certamente você irá fazer, cedo ou tarde, seu dia irá chegar.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Desabafo

Por Leandro






Um dia a bomba explode.
Deixe-me falar da vida.



A vida nos traz problemas, decisões para tomar, nos traz situações complicadas, inimigos, desafetos, verdades e mentiras. A vida nos traz angustias, aflições, dilemas. E o que você faz? Guarda tudo isso.



Costumamos guardar nossos problemas para todos, já conversamos sobre isso, sobre as mascaras usadas para que os outros não vejam nossa face problemática. Normalmente temos uma forma de escape para essa pressão que sofremos, alguns fazem esportes, outros escrevem (blogs?), há os que se confessam. Porem o esporte não te responde, nem as letras e o padre não lhe dará conselhos que não estejam dentro das normas eclesiásticas, o caminho da virtude, normalmente ele te mandará rezar.



Muitas vezes é necessário que alguém igual a você, sujeito aos mesmos problemas ouça seu desabafo, alguém capaz de te indicar um caminho a seguir, muitas vezes um caminho já percorrido que, sua cabeça sob pressão, não percebeu. Quantos problemas seus não tiveram soluções parecidas?



Pare um pouco, mesmo as grandes maquinas modernas, precisam parar para aliviar a pressão. Um computador não irá trabalhar sem pausa sem que queime, a menos que esteja em um ambiente preparado, mas a vida não é um ambiente preparado, é rolar dados, a incerteza esta a cada esquina que você cruza, ou não.



Chore e grite. São instintos do ser humano, não há maior válvula de escape do que essas, é uma maneira de extravasar a energia acumulada em tantos dias de pensamentos que duvidavam da sua capacidade de resolução, tudo tem resolução, exceto a morte, mas enquanto você não morre, receba um problema de peito aberto sabendo que há um meio de resolve-lo.



Mas tudo ao seu tempo, pensamentos são coisas que ninguém pode meter a mão na sua mente e tira-los, a angustia transparece nos olhos, mas sempre valerão suas palavras de que não há nada, quando você resolver explodir, quando resolver desabafar. Conte comigo.

domingo, 23 de maio de 2010

Perdido

Por Leandro Rocha

Tudo esta calmo na vida dele, as coisas seguindo no ritmo certo, na forma certa, para o lado certo. Ele se encontra num estado confortável de repouso onde apenas fiscaliza sua existência para que nada saia errado em momento algum. Aí ela aparece, de forma inocente, aparece como qualquer pessoa pode aparecer, mas ela não se torna qualquer pessoa, ela ganha um destaque especial e, todo aquele conforto, é jogado no abismo.


Ele esta perdido. Perdido em pensamentos, em ações, em vontades e desejos, esta perdido em tudo, não sabe qual caminho tomar, mas parece que todos os caminhos levam a ela. Ele não quer pensar, pois só pensa nela e se sente bobo, por que pensar nela se ela certamente não esta lembrando que ele existe? Pergunta-se sem resposta.


O que ela fala se torna poesia e musica, o sorriso se torna pintura de artista talentoso, o perfume, a melhor fragrância. Tenta manter-se sob controle sem sucesso, se ouve musica pensa se ela gostaria de ouvir também, se vê filme se coloca no lugar do mocinho que beija a protagonista (devidamente substituída) no final.


Quando perto dela, tenta se manter forte e quase indiferente, sorri quando tem que sorrir e fala quando tem que falar, mas sua vontade é de falar toda sua vontade a ela, não faz por medo, medo da rejeição ou do riso debochado, teme as conseqüências futuras, teme o mal estar, teme muito porque pensa demais, talvez ele devesse pensar menos.


Seu pior momento é a noite quando encontra-se consigo deitado no travesseiro, sob o manto escuro da noite, a cama torna-se divã e lá ele despeja tudo que sente, como se de alguma forma suas palavras pensadas fossem levadas a ela que já dorme profundamente sonhando com alguma coisa, que não é ele.


Ele mente: “não crio expectativa”. Cria, impossível não criar quando se quer tanto, por ele se jogaria de cabeça nesse penhasco. Sua cabeça trabalha contra, prefere não pensar nos momentos de queda livre onde pode planar livremente, não, pensa que quem se joga de cabeça num penhasco, não tem outro destino senão uma testada no chão.


Ele saiu do ponto morto, o repouso acabou, a hibernação acabou, chegou a hora de acordar pois o longo inverno se foi e a primavera o chama, com flores e sol forte, não há mais fiscal nem caminho certo, há apenas caminhos, erros e acertos, há o amor que sente cheiro, que abraça, que beija o rosto mas quer beijar a boca, segundas e terceiras intenções de cara limpa e não em um avatar, seu coração queima, uma sensação nova que mistura medo e paixão. Ele vive.

sábado, 22 de maio de 2010

Sangria


Por Leandro Rocha


Escorre lentamente pela ferida aberta até a parte mais baixa, então caem, uma, duas, infinitas gotas caem sem pressa. No chão, uma poça vermelha começa a se formar, ela também escorre ate o ponto mais baixo e caminha rente ao canto da parede.


Coração suicida que abre as feridas por conta própria e justifica-se com fatos que só ele enxerga, não se pode convencê-lo, esta decidido a sangrar sobre a dificuldade que encontra.


Coração que bate forte para que o sangue saia com mais força, sangue que espirra, que força a saída e abre mais a ferida. O sangue parece que nunca acaba, não imaginou que poderia sangrar tanto, apesar da agressão, o coração não sente dor, sente-se bem.


Está quase acabado, o sangue sai tímido por entre as largas portas abertas, sai sem querer, sai expulso, vai assim até a ultima gota expulsa com o maior esforço pelo coração moribundo.


Não há mais sangue, mas ainda não acabou, a carne esta úmida e deve secar, o coração espera ate o momento em que as feridas abertas se tornem fissuras unidas pelas rachaduras que o cobrem todo.

Ele quebra em um som oco, fumaça sai de dentro dele e suas partes espalham-se pelo chão, estava vazio por dentro e a casca se tornou pó, pó molhado na poça de sangue quase seca, viscosa no chão.


Agora ele se sente bem, agora ele esta pronto para amar

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Até ela tem

Por Rodrigo Santos

Bem, vejamos uma coisa... Certo dia, alguém, bem conhecido por sinal, resolveu dizer que existia alguém perfeito, ou quase, eu diria que a idéia nem era mostrar a perfeição e sim mostrar que existia alguém, mesmo que no pensamento dele, diferente.

No primeiro momento eu até acreditei que realmente ela poderia ser perfeita. Mas foi no dia que alguém, que eu nem sei quem era, falou ao meu ouvido o que ele queria dizer, ou o que eu entendia o que ele queria, destruindo todo meu pensamento anterior...

Acho que ela nem me conhecia, acho não tenho certeza, eu era muito pequeno no meio de toda aquela multidão que a cercava, mas aquela voz soava aos meus ouvidos de forma que me fazia esquecer de tudo e todos que estavam naquele ambiente.

Eu estava ali pensando em o que fazer de minha vida, qual lado seguir, achando que aquele, que todos acham perfeito, havia me esquecido, que só eu tinha problema. Foi quando a voz me apresentou a bailarina, a mesma que um dia ele me apresentou, a perfeição em pessoa, mas aquela voz me fez acreditar que a perfeição não existia.

Vejamos... Como a bailarina não tem marca de vacina se ela foi uma criança um dia, e todas elas são vacinadas, talvez a H1N1 não deixe marca, mas a BCG até minha avó tem a marca. Pereba? Onde que ela mora? Será que nunca foi picada por um mosquito e teve uma perebinha qualquer.... Lombriga e ameba, tudo bem, eu deixo passar, eu também não tive, mas piriri todo mundo já teve. Nem que seja no dia que ela quis faltar a aula de balet.

Opa, se teve mordida de mosquito e pereba, é claro que também teve coceira. Piolho e o irmão meio zarolho eu também deixo passar, mas cheiro de creolina, muita gente também não tem. Acho que já usei bastante argumento pra provar que ela era tão normal, quanto eu, quanto você e até mesmo aqueles nem tão normais assim. Mas se preferir mais alguns...

Medo? Todo mundo tem medo de algo... Medo de morrer, medo de viver, medo de saber como será sua vida daqui a 5 anos... Pecado depois da missa é o que mais acontece, eu mesmo faço muito, a quem faça durante a missa também.

É meu caro Chico, procurando bem, reparando bem, todo mundo tem, inclusive a bailarina. Hoje eu entendo isso, mas demorou um pouco. Se você não entendia, agora entende também... Todo mundo tem, todo mundo tem também.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Semana de Provas




Por Leandro Rocha





O que inspira mais horror aos corações estudantes do que essas palavras dispostas nessa ordem? Semana de provas. Os que estudam ficam nervosos e os que não estudam também, os conformados aguardam seu destino e os inconformados protestam. É uma semana atípica que, nem sempre, tem sete dias.

Para os estudantes, o ano é dividido em apenas quatro semanas, as semanas de provas. Tudo que se passa entre elas é uma grande preparação ou, no espaço entre a ultima e primeira semana de prova, férias.

Mas por que o nervosismo? As provas não são nenhuma novidade, sabe-se delas desde sempre e sabe-se que elas virão, mais cedo ou mais tarde, adiadas ou não, o primeiro dia vai chegar e todos os alunos serão postos a prova. Talvez daí o nervosismo, a semana de prova trás consigo o medo de algo dar errado, não se pode ficar doente, brigar com a família, se machucar, ter dor de cabeça, não pode chover, não pode ter engarrafamento no transito, não pode faltar energia, não pode haver cansaço. São tantas exigências para uma semana de prova perfeita que faz dela, sem duvida, a semana mais estressante do ano

Referi-me apenas ao medo das coisas que podem dar errado no decorrer de uma prova e outra, mas há também aquele medo das coisas que podem acontecer durante... E se esquecer alguma coisa? E se o professor não entender a letra? E se cair o que eu não estudei? E se outro professor a aplicar? E se me fugirem as palavras? Mais tantos medos... Porém não são os piores.

O pior medo é subjetivo, sua intensidade varia de pessoa pra pessoa, varia da relação professor-aluno, independe do estudo e de uma forma geral, independe ate mesmo da prova em si. É o medo de ser avaliado, de estar sob uma provação. Naquele momento estão prestando atenção em você, para onde você olha e estão procurando, principalmente, seus erros, a idéia de não poder errar atormenta, tira a concentração e, por mim, te faz errar.

No fim, passam-se os dias e as provas acabam, sai o medo e entra a ansiedade pelas notas, mas este é outro assunto, muito mais fácil, você ao menos pode voltar a dormir e a comer enquanto as notas não saem.

sábado, 15 de maio de 2010

Ressaca Moral


Por Rodrigo Santos


Perde-se o sono! Levanta-se e começa a vagar pela casa, a vontade é vagar pela rua, é sentar na beira do mar... Isso se torna uma constante em sua vida... Você começa a ler, bobagens as vezes, e não para de pensar o porque de tudo... O medo de estar com ela é grande, mas ao mesmo tempo a certeza de não estar é tão grande quanto.

Tudo seria tão mais fácil se a cura desse mal fosse a base de comprimidos. Ela é mais cruel que a outra, mas ambas só acontecem por suas próprias atitudes, às vezes por influencia de outros, por minha talvez, mas no final, a última palavra ou último gole é sempre dado por você, por sua conta própria.

Diferente da comum, sono é algo que passa longe de você. O sofrimento não deixa ele te abraçar, mas você não deixa de sentir seu sopro leve... Você se sente embriagado de ações totalmente opostas das quais sua conduta o permite. É importante que você perceba que todas as ações negativas feitas por você afetam apenas a sua cultura interior, mesmo que ela seja fruto de uma outra ensinada. Nessa hora o outro não existe, você se vê dentro de uma briga moral dentro de si, um choque de condutas diferentes em uma mesma cabeça, a sua!

Seu corpo continua o mesmo, a dor causada por ela é no espírito, seu espírito sente uma cede incansável, cede essa que não é sanada a base de água... É uma cede de respeito próprio, de moral, de ética que o faltou em algum momento. Volto a falar, os conceitos que o faltou, não são os passados pela sociedade e sim os que você criou para sua vida.

Com isso, só lhe resta esperar, esperar e esperar... A ressaca moral não passa no dia seguinte, se a sua passar, certamente não será moral, pode ser pra mim ou para qualquer outro, mas para você não será, pois ela demora muito tempo para curar aquela ferida deixada em seu espírito, o vazio em sua mente...

Inevitavelmente, uma doença na alma, com o tempo é passada para seu corpo... Aí vem o vazio no coração, a vontade de sumir do mundo, o que não adiantaria, uma vez que os dedos que o recriminam, estão presos em sua própria mão... A ressaca moral, trás a culpa, o medo, à vontade de acabar com a própria vida... Mas não acabe com a sua, a ressaca só ira piorar depois da morte, deixe que a depressão acabe com ela por você.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Você

Por Leandro Rocha




Antes de tudo peço que me perdoe pela forma um tanto agressiva que te escrevi falando sobre o quanto eu te cerco, não sei, mas eu ficaria assustado se recebesse tal mensagem, tentarei ser mais sutil agora.

Vou puxar da memória tudo que vem de você e posso acabar sendo repetitivo pois vou tentar reparar a agressão que lhe fiz. Esqueça tudo que disse, já não te cerco mais, não mais te olho escondido sob a sombra e nem pergunto de você aos que sabem. O que sei sobre você, sei e o que não sei não saberei ate que me contes.

Sinto-me ao mesmo tempo muito bem e muito bobo por te escrever algo cheio de referencias, sem falar teu nome e sem falar o meu, falo do nosso hoje e nosso ontem e falo ainda do meu projeto de amanha, mas que tipo de resposta eu terei se não sei o quanto disso tudo você compreende? Pode parecer um texto genérico, mas não é.

Gosto de lembrar de você, parece tão frágil, mas esconde uma força que me encanta, acho que foi a primeira coisa que me chamou atenção, sua força. Combina bem esse paradoxo, pequena no tamanho e gigante na força.

Por que não terminou de me ensinar a dançar? Tudo bem, guardo a tentativa com carinho, coloco num lugar especial no meu álbum de fotos, pouco antes deitei a cabeça no seu colo para conversar, você não deve lembrar. Ali desejei dormir, dormir por 12 horas deitado em seu colo, não consegui, mas pisquei de forma tão longa que parecia viver em muitas eternidades.

Acho que infinitas vezes desejei que alguns momentos fossem infinitos, quando pude te ver dormindo, quis isso, não aconteceu mas te olhei bem, olhei a paz com que dormia mesmo com aquele vento frio vindo do mar, olhei o quanto pude ate minhas pernas pedirem que eu dormisse também, quando deitei e fechei os olhos, só via você, dormindo.

Pouca coisa pode ser melhor do que te ver pulando feliz. Juntava-se aos outros com facilidade, se integrava ao cenário com perfeição, te olhava de fora admirado, falava comigo que queria você pra mim. Será que consigo?

Mais tantas referencias vazias, mais alguma coisa para você achar genérico, mas uma vez não digo os nomes, conto os fatos sob o meu olhar, um olhar parcial que vê apenas o lado bonito, confesso que procuro seu lado feio, mas você parece não ter um. As referencias não acabaram, há tantas outras mas, ficará pra uma próxima oportunidade, quem sabe ate lá eu já não tenha te conseguido? Ou desistido de você.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Seria a morte solução?

Por Rodrigo Santos

Você perde uma máscara, talvez a mais pesada de todas, as outras, nessa hora, já não fazem diferença alguma, pra você até faria, mas para aquele que um dia jurou estar ao seu lado no dia em que essa máscara se fosse, não faz diferença alguma. A máscara dele também caiu, e eu te disse isso ia acontecer.

Histórias vividas, momentos passados, risos de tristezas, choros de felicidades, abraços dados, pactos selados... Uma vida inteira se vai junto com a máscara que você vestia e não veste mais.

Você se torna cruel, o amor que os outros sentiam, vira decepção, a decepção que você tinha, vira amor... Como um quebra-cabeça de nível 7, você vivia encaixando cada peça de sua vida, com medo da imagem final formada, mesmo que aparentemente toda imagem, no tabuleiro formada, parece-se perfeita, sempre haveria alguma peça trepada na outra, sempre haveria uma máscara em sua face... Você se torna odiado, se torna sozinho por se tornar você! E mais uma vez não foi por falta de aviso.

Seus dias viram um eterno sábado de aleluia, seus ouvidos são malhados, como os bonecos de Judas, por muitas vezes, você é considerado o próprio, o traidor, o “coisa” ruim. Mas esquecem que, diferentemente dos bonecos, dentro daquele corpo, bate um coração.

Você chora, você sangra, por muitas vezes as lágrimas se confundem com o sangue, por outras o sangue se torna a própria lágrima. Você dorme, dorme e dorme. Acorda e se pergunta: Seria a morte a solução?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Por trás da máscara

Por Rodrigo Santos

Sim, existem muitas... Eu mesmo possuo várias, vai dizer que você não tem? A todo momento, mesmo que inconscientemente, nos escondemos por trás de uma máscara sadia, ou não... Nos escondemos no primeiro dia de aula, no primeiro encontro, até mesmo quando perdemos alguém muito importante, a máscara sempre será usada.

Mas vamos para a máscara em questão. Vamos nos pôr por trás delas, escondendo nossa real situação, seja uma dor, uma angústia, uma vida de pecados, uma vida sem rumo... Por medo de mostrar essa face verdadeira, corremos o risco de se tornar uma pessoa falsa, aos olhos daqueles que se dizem amigos, e por poucas vezes são, nos cobrimos com uma máscara, que já podemos chamar de véu.


Esse véu protege todo nosso corpo, essa máscara nos permite rir, brincar, dizer "sim, estou bem". Quem está por fora dela, diz que não a confunde com falsidade. Mas o medo daquele que a veste, não se permite se mostrar. Uma máscara não cai sozinha, eu posso desmascarar alguém, posso me desmascaras, mas dizer que ela caiu sozinha é o mesmo que dizer que a deixou cair, mas prefere ficar de cabeça arriada, continuando sem querer se mostrar. Máscaras caídas são amigos perdidos, é a morte dos seus pais, mas é a certeza que alguém te respeita e te ama.

Você pode está se perguntando... Será que vale a pena perder tudo isso e viver sua própria face? Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida, ninguém melhor do que você mesmo para saber o peso de sua máscara, o quanto a liberdade te fará bem ou não. Mas ao mesmo tempo eu te pergunto, será que vale a pena viver uma vida que não seja a sua própria? Até que ponto é sadio para seu espírito sorrir para todos, quando na verdade sua vontade é subir o morro mais alto e gritar, gritar para que todos possam ouvir quem realmente você é, qual é a sua verdadeira história. Amigos vêm e vão, familiares morrem, você também morrerá um dia. Agora se você acha justo com si próprio chegar no fim de sua vida, olhar para trás e ver que você viveu toda sua vida por de trás de uma máscara, siga em frente... Se você prefere arriscar, tirar todas as máscaras, ver quem realmente seguirá ao seu lado, essa é a hora...

Essa é a hora de dizer "eu te amo", de dizer "preciso de ajuda", "siga a sua vida e me esqueça"... Lembre-se, pense bem antes de agir, palavras ditas não voltam, máscaras caídas não são como unhas sujas, que cortamos e logo crescerá uma nova limpinha... Qual é a sua máscara? Quando você irá tira-la? Será que eu vou precisar tirar a minha para ver a sua?

A sua máscara nunca cairá sozinha, apenas quando você quiser, eu certamente estarei ao seu lado, como um de seus poucos amigos que estarão, e te direi... “Ei, levante a cabeça, sua face é muito mais bela do que a máscara que você carregava”. Nesse dia, eu e você festejaremos por uma vitória única, por um respeito mútuo e com a certeza que no final, seremos pessoas diferentes e vestindo, cada um, a sua própria face.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Máscara

Por Leandro Rocha




Quantas delas existem? Tantas, algumas são bonitas e servem como adorno de grandes bailes, quem nunca ouviu falar nas máscaras venezianas? Tão delicadas, de expressões simples, dão ar de mistério aos que vestem. Há também as horrendas que servem para assustar as criancinhas no carnaval. Todas essas tem em comum uma coisa: são vistas pelos outros, mas a máscara que quero falar hoje é aquela que vestimos e ninguém percebe.

Quando alguém lhe pergunta como você esta, sua resposta pode variar dependendo de quem perguntou, mas seu instinto é dizer que esta tudo bem, ainda que não esteja, ainda que um verdadeiro pandemônio esteja armado, você vestiu a primeira máscara, ninguém precisa saber o que você passa, ninguém tem que levar pra casa o seu problema.

Ninguém? Vou me desdizer agora. Alguns têm o dever moral de lhe ajudar a carregar o fardo, a via crucis não é só sua. Me refiro aos seus amigos, gente que esta mais próxima de você, gente que sabe dos seus planos e gente que deve saber dos seus problemas.

Tire a máscara e se mostre de cara limpa quando estiver com eles, seja você, chore se sentir vontade, haverá mãos para limpar-lhe as lagrimas e ombros para que você repouse a cabeça, ou mesmo um colo. Os braços estarão abertos, sempre.

Essa máscara não se confunde com falsidade, você não responde que esta tudo bem, quando não esta, para mentir, você quer poupar aquela pessoa que te perguntou (por educação, pois não esta realmente preocupada) da sua carga, soa como um teatro com falas e passos marcados.

Um dia a máscara cairá sozinha, alguém lhe perguntará o que você tem (este sim, realmente preocupado) e você dirá, na mais pura verdade, que não tem nada, que tudo esta bem. Nesse dia, seus amigos que terão te ajudado, irão festejar com você pois a vitória é tanto deles quanto sua, mas no final, todos vocês agiram como uma pessoa só, vestindo a mesma máscara e só os deuses sabem o que sentiram.

domingo, 2 de maio de 2010

Conselhos

Pádua tinha por volta dos quarenta, não era casado e morava sozinho num sobrado em Copacabana, era servidor publico numa repartição no INSS no centro, era homem de muitas palavras e muitos amigos, escondia seu primeiro nome, Inocêncio, apresentava-se apenas como Pádua, era Pádua para tantos que Pádua ficou.

Seguia para o trabalho, numa manhã de segunda feira chuvosa em seu velho Santana vermelho, carro de muitos anos, mas era seu xodó, não o trocaria por nenhum outro ate que se acabasse. Hoje acatou o conselho de Ludmila, uma jovem colega de trabalho que o aconselhara a pentear os cabelos para frente a fim de disfarçar a calvície que vinha rápida. De fato, pareceu mais jovem e os óculos de sol, mesmo numa manhã sem pouco sol, lhe deu ar de garotão.

Chegou a repartição, distribuiu cumprimentos e sentou-se a mesa para iniciar mais uma das tantas etapas burocráticas das pensões quando Ludmila se aproximou, sorridente:

- Pádua, ficou muito bom o cabelo, se te conhecesse hoje não diria que é careca.

- Eu não sou careca. Respondeu contrariado. Tenho apenas um principio de calvície.

Ludmila riu e antes de sair, deu a ele mais um conselho.

- O penteado esta bom, mas não combina com a blusa, usa alguma coisa mais jovem, alguma mais justa.

Ela se foi e Pádua seguiu todo o dia de trabalho com aquela sugestão na cabeça.

Saiu mais cedo do trabalho, já estava lá a quinze anos e podia se dar esses luxos, já era estável. Mesmo no centro entrou na primeira loja de roupas que encontrou, procurou as camisas da garotada, achou estampas e cores vibrantes, pegou umas 5 entre estampadas e lisas e foi ao provador.

Uma, duas... Cinco... Nenhuma lhe agradava, não gostava desse tipo de blusa, apertava-lhe os braços e exibia a barriga que denunciava seus chopps nas noites de sexta. Recorreu a vendedora, pediu sua opinião e ela, clara como uma especialista:

- Estas três ficaram ótimas!

Nem eu que escrevo, nem você que me lê, nem Pádua, ninguém acreditou na vendedora, mas às vezes uma mentira descarada para amaciar o ego é o combustível necessário.

Foi o Pádua embora para casa com três novas camisas, jovens, justas, lisas e que estavam ótimas. Ao chegar as vestiu novamente, depois de um banho bem tomado, tentou se acostumar com aquela visão, a barriga tão visível ainda incomodava. Preferia um de seus blusões, mais largos, de botões e principalmente, com um bolso para a caneta.

No dia seguinte, estava Pádua na repartição. Não estava sendo um bom dia, o calor resolvera voltar, o ar condicionado resolvera não funcionar direito, Pádua já colocara a mão no peito por três vezes atrás de sua caneta, perdera a conta das vezes que puxou a blusa para descolar da barriga e por duas vezes prendeu a respiração para parecer mais forte do que gordo.

- Seu bobo! Não tinha que ter comprado uma blusa assim só porque eu falei Pádua! Ele reconheceu a voz, aos ridos, de Ludmila. Pádua, que não era tão bobo, percebeu a intenção dela em usar a velha tática feminina em chamar homens de bobo para que se comportem como tal.

- Eu já tinha essa e outras duas em casa.

Nem eu que escrevo, nem você que me lê, nem Ludmila, ninguém acreditou. Mas ao contrario de nós dois, ela resolveu fingir.

- Ah bom!

Ela voltou ao trabalho e Pádua fez o mesmo. Já no final do expediente, Cláudio, um amigo mais antigo se aproxima e brinca:

- Que isso Pádua, ta malhando?

- Malhando?

- Usando Lycra. Ri

- Cala a boca!

- Serio Pádua, essa blusa aí ficou legal! Mas o problema é a careca cara, assume de vez, melhor nenhum do que cabelo meia boca do jeito que ta.

Pádua ouviu o conselho e o absorveu, os dois se despediram e cada um tomou seu rumo.

Em casa, no banheiro em frente ao espelho, Pádua pensou no conselho de Cláudio, penteava para frente e para trás o cabelo, para ver qual ficava melhor, Cláudio parecia ter razão, assumir a careca era a melhor opção sem duvida, no fim de semana Pádua rasparia!

A semana seguiu normal, o ar condicionado voltara a funcionar, Pádua se acostumou (mas continuava não gostando) com as blusas e com os apertos abdominais que causavam e até havia comprado mais duas. Por mais dois dias Cláudio reforçou: careca é melhor!

Chegou o fim de semana e Pádua foi taxativo com o cabeleireiro.

- Quero sair daqui careca como um skin head!.

E assim aconteceu, Pádua estranhava o vento na nuca (já havia se habituado ao vento na testa prolongada) mas concordou com Cláudio, careca era melhor, com seus óculos escuros então parecia rejuvenescer vinte anos!

Mais uma segunda-feira havia chegado e a repartição fora apresentado a um Pádua careca, ele não pode deixar de notar os olhares espantados e até admirados de alguns, Cláudio acenou positivamente para ele em sinal de aprovação e Ludmila, sorria (mas não aprovava).

Durante um cafezinho na hora do almoço, Pádua juntou-se a um grupo de homens que falavam de futebol, mulher e politica ate que um deles se virou a Padua e aconselhou:

- Pádua meu amigo, a careca ficou ótima, mas com esses óculos parece aquele cara da Televisão, Marcelo não sei o que.

Todos riram

- Compra uma lente, não ta cara não. Continuou

- Deixa a barba crescer um pouco também, daqui a pouco vão achar que você é um daqueles tiozinhos que gostam de pegar menina nova em baile. Outro concluiu

Pádua apenas sorriu e acenou com a cabeça.

No Domingo seguinte, caminhando pelas ruas de Copacabana, Pádua viu um vendedor arrumando uma manequim na vitrine de uma loja e vendo tal cena teve inspiração para um (infeliz) pensamento filosófico:

- Manequins... Manipulados por qualquer mão, será que aceitariam isso se tivessem gostos próprios? Pior que tem gente que se leva pelo gosto dos outros mesmo.

E seguiu feliz para casa, com suas lentes novas, roçando a mão na barba por fazer enquanto puxava, mais uma vez, a blusa apertada da barriga.

sábado, 1 de maio de 2010

Só depois de morto

Por Leandro Rocha

A imortalidade, peguem-na, é de vocês!” – Aquiles, Tróia

Não entendo como muitos gênios da ciência e das artes foram reconhecidos pelo seus trabalhos só depois da morte, se parar pra pensar vai ver que a minoria colheu os louros do sucesso.
Se me estiver reservado o sucesso no Livro dos Destinos, pedirei aos deuses escrivões que me dêem ainda em vida.
Sou novo, tenho 21 para 22 e o sucesso, se vier, tem tempo, talvez uns 70 anos quem sabe... Não... Eu não chego os 90, meus pecados na saúde já me tiraram alguns anos e ainda que me torne o “Super Saudável” não acho que minhas faltas serão abonadas.
Vivo na realidade globalizada, materialista, não posso me portar como os heróis do passado, não posso ser como Aquiles que lutou em Tróia somente para ter seu nome lembrado para sempre.
Gostaria de desfrutar do reconhecimento, eu, não meus filhos. Tenho duvidas quanto ao sucesso vindouro, acabou-se o tempo da Semana de Arte Moderna, acho que poucos vivem da palavra escrita, vive-se da palavra cantada, mas essa não é pra mim.
Não escrevo para ganhar, escrevo por escrever, porque gosto, mas não reclamaria se o Mago me ensinasse sua magia, ou vai ver, não há magia alguma, ele só deu sorte.
Tudo isso eu só supus, não escrevo no Livro dos Destinos, nem sei se ele existe, vou escrevendo e tentando ganhar a vida de outra forma. Um conselho: guarde esse texto, um dia, como disse uma amiga, ele pode valer uma nota. Ou não, vai ser mais um papel velho, amarelado, amassado no fundo da gaveta.